sábado, 10 de outubro de 2009

Aventuras incertas

A incerteza domina a mente, o coração e por fim o corpo, não há como fugir. Um frio estranho paira no ar, de repente um arrepio, um tremor, a sua volta tudo são sombras escusas fugindo da visão. A perturbação causada pelo medo é um meio encontrado pelos seres para evitar o perigo, uma espécie de reação a uma provável ameaça que nos serve de proteção. Do que você tem medo? Tememos muitas coisas nesse mundo e o medo é as algemas que nos privam de nossa Liberdade. Muitas vezes o medo parece engessar nossa vida de tal forma que perdemos oportunidades de ouro.

Somente a razão pode vencer o medo e a ousadia é nossa arma contra um temor irracional. Quando nos privamos de coisas boas movidos apenas pela incerteza, pelo medo de que não dê certo não estamos sendo racionais, estamos nos entregando à pensamentos que não podem nos levar a lugar algum. Se o falcão voa alto é porque um dia ousou se lançar num abismo para aprender a voar. Após uma profunda reflexão e análise racional da situação é que podemos nos lançar sem medo ao desconhecido. As decisões da vida são sempre como pontes duvidosas cruzando um rio: se quisermos chegar à outra margem temos de ousar atravessar a ponte mesmo não estando seguros de sua estabilidade.

As vezes imaginamos toda uma estrada e fazemos planos para as aventuras que pretendemos viver, contudo uma aventura só é real quando acontece sem que possamos nos dar conta, sem nos apercebermos que somos grandes aventureiros, assim as surpresas, mesmo ruins, nos farão felizes ao final da jornada. As danças mais belas e veneradas são aquelas com passos surpreendentes e inovadores, pois os mesmos passos planejados de sempre acabam não tendo graça. O que temos que perceber é que apesar de todos os medos, a maior de todas as aventuras é a própria vida.

Haverá uma recompensa? Um pote de ouro no final do arco-íris? Há uma única certeza na vida e como não sabemos se ao final da aventura seremos premiados, aplaudidos ou somente esquecidos me parece mais sábio o homem que pode aproveitar cada uma das emoções da dança antes que a música termine abruptamente. Você não concorda?

Beijos e abraços,

Max

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Concentrando

Olá! E aí, como vai a vida? Novidades nos últimos tempos? Eu estou bem, apesar de muitos acharem que não. Na verdade ando meio preocupado com o futuro. Todavia não é ele a maior preocupação de todos os homens? Se a gente não para pra pensar um pouco no dia de amanhã corremos o risco de ficar perdidos quando ele chegar. As vezes eu sinto que teria feito outras escolhas, teria vivido de outra forma, mas sempre que me vejo pensando assim outra idéia se sobrepõe: não foram esses caminhos que até agora me fizeram feliz? É, não poderia ter sido de outra forma e mesmo que pudesse, já passou, o presente é o que temos em mãos e o futuro será o resultado dele.

Comecei a me sentir um pouco deslocado. Não que eu não esteja me sentindo bem com os meus amigos, inclusive você, mas parece que eu me perdi em mim mesmo, me perdi de mim mesmo, sinto como se, pela primeira vez, eu não tivesse um centro. Isso não está me deixando triste como muitas pessoas poderiam pensar, só que também tenho sentido falta de um “algo mais” e é o vazio deixado por esse algo mais é que tem me preocupado.

Alguém poderia me dizer que é um vazio religioso, mas posso assegurar que minha Fé e minhas questões relativas à religião estão muito firmes e bem resolvidas. Assim, esclareço que não é um Deus que me falta. O mundo dos homens tem sim me decepcionado um pouco; a falta de objetivo e a mesquinhez de muitas das vidas humanas me surpreende a cada dia. Entretanto não posso classificar meus sentimentos somente como uma desilusão com as pessoas, é mais profundo, mais subjetivo, mais interno.

Estou numa nova busca e fico feliz em ter você para compartilhar comigo mais esse processo. Costumo dizer que não há caminho certo e caminho errado, apenas estradas diferentes para chegar num mesmo ponto. Acho que com tanto pra fazer, tantas coisas com que me preocupar, acabei me perdendo nessas estradas, como num labirinto, não sei mais de onde vim nem pra onde estava indo, me afastei demais do centro e agora a palavra de ordem é concentrar.

Cada pessoa encontra o seu centro, seu eixo, de um jeito. Pode ser pensando ou se esvaziando de pensamentos, pode ser falando ou permanecendo em silêncio, pode ser agindo ou simplesmente tendo paciência. Qualquer que seja o meio, todos nós, de vez em quando, temos que procurar esse alinhamento, esse centro, esse eixo do qual, como numa árvore, brotam todos os ramos de nossa vida. Espero que nós nos encontremos em breve!

Obrigado por estar sempre aí! Até mais,

Max

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Jogada silenciosa

Quando somos crianças, aprendemos a jogar o jogo dos outros, dos adultos, um jogo que não nos pertence. Então crescemos e decidimos jogar segundo nossas próprias regras, estabelecendo nossos próprios valores e ditando quem ganha e quem perde. Pode não ser o método mais justo, mas é como funciona a vida. Estabelecer o limite entre o certo e o errado é algo complexo demais para qualquer pessoa, posso ser o vencedor para mim mesmo e ao mesmo tempo não conseguir sequer o menor prêmio segundo você. Tudo é questão de regras.

Nesse grande entrelaço de jogos inúmeros podemos confundir as nossas regras com as dos outros e pensar que o melhor pra nós mesmos é aquilo que gostariam outros que fosse. Estive triste me questionando sobre meus erros, mas alguém me disse que se eu tivesse errado, então não estaria aqui, no jogo. Quando se joga com liberdade, respeitando os limites dos outros, suas regras são soberanas e não há escolha em que se possa errar.

Muito estão estranhando o silêncio e admito que ele em parte seja fruto de tristezas e momentos difíceis que tenho passado, mas os mais inconformados estavam desacostumados comigo porque me viram jogando as suas e não as minhas próprias jogadas. Aprendi a duras penas que nem sempre aquilo que queremos ver é aquilo que podem nos oferecer e essa é uma importante lição que gostaria de ensinar hoje. Você não se lembra que sempre preferi o olhar silencioso em detrimento das palavras apressadas?

As regras que estou adotando são novas, nem eu mesmo as conheço. Isso é bom porque evita que eu seja tão enfadonho quanto as pessoas que não podem surpreender ninguém com seus atos, sejam bravos ou covardes. No entanto, o silêncio que eu deixei de usar por algum tempo não deixou de fazer parte desses novos movimentos e minhas peças me parecem mais vantajosas assim.

Não se exige do falcão de olhar profundo uma atitude precipitada, pois ela está contra sua natureza. É triste pensar que podemos magoar quando não compreendem nossos atos e nossas palavras. Todavia se deixarmos de executá-los não estaremos traindo nossa própria consciência? O jogo da vida não é passivo de ser perdido, as jogas visam apenas avançar, ninguém retrocede, por mais que sejamos tentados a acreditar nisso.

Meus amados jogadores, não somos oponentes, estamos apenas em lados opostos do tabuleiro. Até breve, seu eterno amigo,

simplesmente Max

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Frutos da felicidade

Caríssimos,

Estou enviando essa carta como um esclarecimento, mas não será necessário ser muito perspicaz para notar também um pedido e um desabafo. Muitos já devem estar cansados de ouvir essa história, mas preciso dizer que passei grande parte da minha vida sob o jugo de um autoritarismo irracional em casa e acabei por aprender a submissão, talvez por minha própria decisão ou talvez por imaginar, muito antigamente, que esse era o único e correto caminho a seguir. Aprendi a reprimir a minha vontade e minha voz para evitar quaisquer confrontos, por mínimos que fossem, e vivi nesse comodismo uma paz aparente e irreal, pois dentro de mim as crises e os conflitos sempre se mantiveram.

No decorrer dos últimos seis meses me expus a situações em que não me sentia de modo algum confortável, mas me obrigava, por algum motivo, a permanecer. Tive meus sentimentos completamente desprezados e decidi não me queixar para “poupar” os outros. Como se isso e todos os outros “conflitos” de uma vida não bastassem, acabei descobrindo não um, mas inúmeros julgamentos a meu respeito ditos “inocentemente” pelas minhas costas, muito provavelmente omitidos por seus autores imaginarem que eu não fosse capaz de lidar com esse tipo de “crítica”. Isso tudo foi muito dolorido, mas não mais dolorido do que o que tenho vivido, sem dar atenção, por anos e anos. Acontece que quando a dor se torna constante, as vezes nossa mente passa a ignorá-la, as vezes passamos até mesmo a confundi-la com o prazer e a felicidade.

Ouvi um dia que “quando nos questionamos se estamos felizes, é porque não estamos” e essa é uma sábia frase, sem dúvida. Nos últimos tempos passei a me perguntar constantemente acerca de minha felicidade sem acreditar na resposta dada por essas palavras. Agora estou colhendo os frutos dessa felicidade que eu plantei por tanto tempo. Qual não é minha surpresa, meu espanto tolo ao notar que eles são exatamente o oposto do que eu, infantilmente, imaginava. Sem mais rodeios, devo dizer que estou doente. Meu organismo não foi capaz de suportar tudo isso e desenvolvi um quadro de enxaqueca acompanhada de outras “cefaléias primárias”, dores de cabeça muito mais fortes e nocivas, súbitas, terríveis e, a princípio, incuráveis.

Desprezo a provável pena que vocês devem estar sentindo, não foi para isso que escrevi. Como disse no início, essa carta é um esclarecimento e vem acompanhada de um pedido. Esse é o esclarecimento que precisava dar para a eventual surpresa que alguns podem experimentar ou até já tenham experimentado com as mudanças que, para meu próprio bem, estou pondo em prática. Vocês tem todo o direito de repudiar e negar minhas palavras ditas ou escritas em cartas, minhas ações e também minhas escolhas de agora em diante, porém, só o que lhes peço é que me respeitem e me dêem o mesmo direito que sempre dei a cada um de vocês: o direito de agir conforme sua própria consciência. Rogo para que tenha sido completamente claro, pois não estou muito disposto a ter de falar sobre isso novamente.

Sem mais, espero que todos passem bem.

Maximiliam Albano

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Lírio do Vale

Desculpe o tempo sem escrever. Muitas coisas aconteceram, estive muito ocupado, muito cansado, muito ansioso e muito triste. Tantas foram as coisas em excesso que julgo ter sido melhor assim. Quiçá, com a mente e o coração tão irrequietos, teria escrito palavras maldosas, vingativas ou até mesmo mentirosas e isso vai completamente contra o propósito das minhas cartas. Hoje, contudo, escrevo palavras que podem parecer duras, mas são seguramente verdadeiras, pois não vieram da turbulência, mas da serenidade e do equilíbrio.

Quando você se olha no espelho, o que vê? É uma pergunta difícil de ser respondida assim, tão abruptamente. As descrições de si mesmo são sempre incompletas e, portanto, totalmente falhas. Não há como sintetizar um ser como você em palavras, pois mesmo que elas componham um gigantesco livro, ainda assim a essência e a complexidade de seu ser não poderão nunca ser explicitadas. E então faço outra pergunta: Se não possuímos nem a capacidade de conhecer a nós mesmos, que direito temos de julgar pensamentos e sentimentos dos outros?

Lembro de algo que li n’O Senhor dos Anéis: “Muitos dos que vivem merecem morrer. E alguns dos que estão mortos mereciam estar vivos. Você tem o poder de dar-lhes a vida? Então não seja tão ávido em julgar e condenar alguém à morte. Mesmo os mais sábios não conseguem ver os dois lados.”. Não julgue ninguém a ponto de classificá-lo como apenas uma ou quantas sejam as características que conheça dele, você nunca conhecerá o todo. Ninguém é somente calmo ou nervoso, forte ou fraco, ninguém, em nenhuma situação, será somente digno de pena ou admiração, nem será unicamente sincero ou falso. Em especial, nenhuma pessoa pode ser resumida, de modo simplista, tolo e infinitamente cruel, a um mau ou bom coração.

Você acolheria em seu leito uma víbora venenosa porque ela nasceu sem patas? Você apertaria o caule de uma rosa contra sua mão nua porque ela é bela? Por que não encara diretamente o Sol? A víbora poderia matá-lo com seu veneno, os espinhos da rosa poderiam ferir-lhe e a luz do Sol poderia cegar seus olhos para sempre. Augusto dos Anjos diz “A mão que afaga é a mesma que apedreja” e nisso está a lição de não subestimar aquele que está ao seu lado rotulando-o como a pobre cobra, a bela rosa e o iluminado Sol, isso é um erro que pode custar muito caro, inclusive a você. O Lírio do Vale é uma flor frágil e delicada, como muitos de nós podemos parecer, ela também é chamada de “Lágrimas de Nossa Senhora”, assim como nós que podemos receber belos nomes e títulos, mas, especialmente semelhante a nós, ele possui um veneno letal e experimentar só um pouco já seria suficiente para matar.

“(...) Assim, que direito possuo de julgar, segundo minha própria lei, aquele cujos pensamentos não me são revelados? (...)” Espero que não se esqueça dessa frase, não por ela pertencer a algum poeta ou autor famoso, não obstante porque eu mesmo a escrevi em minha primeira carta...

Até breve! Seu amigo,

Maximiliam

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Fases da Lua: sorridente.

Hoje estou sorrindo. Sorrir é bem diferente de rir ou gargalhar, sorrisos são sutis, são todos únicos (mesmo que você tenha dezenas deles), são completamente enigmáticos e indiscutivelmente óbvios, em essência, contraditórios. Algumas pessoas sorriem por estarem felizes, outras pelo cinismo, tantas sorriem, aparentemente, só por sorrir.

Imagine se você estivesse como eu, sorrindo, enquanto anda pela rua, como farei logo mais. Então alguém lhe encontra, olha fixamente para o seu rosto, mas ao contrário de suas expectativas, nada indaga ou diz, ao contrário, apenas sorri. Esse eu consideraria um sábio. Considero sim, sábias as pessoas que são capazes de compartilhar sorrisos. Cada sorriso é como seu significado: ímpar. Se outro compreende seu sorriso, não o questiona nem tampouco discute sobre ele, apenas o compartilha, sorrindo de volta, demonstrando que, ao seu modo completamente individual, compreendeu o significado daquilo que você não precisa dizer.

Para alguns sorrir parece tão difícil que pouco o fazem. São esses os mais amargos, os mais frios, os que estão menos satisfeitos com os caminhos que estão trilhando. E não estou só falando dos sorrisos que se fazem torcendo a face, mostrando os dentes ou com qualquer outra expressão que seja! Muitos acham que esses são os únicos tipos de sorrisos possíveis! Ora! Que absurdo! Estou falando de todos os sorrisos, principalmente daqueles que podem nem ser vistos, mas são sentidos no tom da sua voz, no brilho do seu olhar, no toque das suas mãos ou na força do seu abraço.

Poucos vivem a sorrir e menos ainda são os que entendem o poder que tem esses sorrisos. Quando você sorri, o mundo a sua volta muda, já percebeu? Você mesmo poderá me dizer se não ouve o som das cores e vê a beleza do vento quando sorri. Num sorriso o tempo para e um ínfimo instante será interminavelmente completo.

Compaixão, alegria, saudade, amor ou simplesmente carinho, não importa o que significa, o que importa é que hoje eu sorrio, sorrio porque alguém sorriu pra mim.

Sorrio pra você!

Max

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Às horas de telefone

Quiçá você se lembre, acho que sim, de quando eu soube, sem ninguém me dizer, que você estava apaixonada por um menino, há dez anos atrás. Claro que não era o “amor da sua vida”, ainda mais com seus 12 anos de idade, mas foi por causa dele que todos os dias nós passamos a nos ligar, precisamente às nove horas da manhã, durante as férias de verão daquele ano. As férias terminaram, mas não os telefonemas. Como era maravilhoso passar uma hora (umas vezes mais, outras menos – na maior parte das vezes mais...) falando sobre a vida, sobre o rumo das coisas, sobre o que esperávamos do futuro...

Posso escrever centenas de cartas, mas as palavras nunca seriam suficientes. Se um olhar vale mais que mil palavras, nossos olhares trocados por todo esse tempo, já acumularam quantidades infinitas (e também, na verdade até principalmente, aqueles olhares trocados de longe, só pelo coração). Pelas vezes em que você chorou de tristeza e eu estava lá pra te consolar, pelas vezes em que você chorou de tanto rir e eu estava lá pra rir junto, pelos momentos ímpares, bons e nem tão bons, por tudo isso eu te agradeço do fundo do coração. Agradeço-lhe pela parte de você que está em mim e que contribui, tão essencialmente, pra que eu seja quem sou.

O futuro chegou. A gente cresceu. De tantos planos e previsões, ao menos uma acertamos: nunca abandonamos um ao outro. Eu me tornei este misto complicado de alquimista, cientista e filósofo, um cara difícil de descrever, mas essa carta não fala desse homem, fala de você, esta mulher incrivelmente linda e sensível. Todos que lhe conhecem sabem, não há no mundo outra pessoa que consiga emanar essa sua alegria, um sentimento único, quase mágico, uma coisa que contagia todos a sua volta.

Não sei como, mas a garota que já era forte conseguiu juntar mais e mais forças, de tal modo que seus piores medos se tornam cada vez menores diante da sua coragem. Podemos ter seguido caminhos bem diferentes no mundo físico, porém, continuamos ainda compartilhando ideais e lutando para colocá-los em prática. Queria que o mundo todo pudesse te ver sambando e sentisse sua paixão por um segundo, um mínimo instante, um único momento, então talvez sua alegria infinita tomasse conta de seus corações e eles passassem a viver em paz.

Minha amada amiga, tenha um feliz aniversário! Só posso agradecer a Deus por ter cruzado uma vez nossos caminhos. Espero que não só nesse dia, mas em todos “até que morram o Sol e a Lua”, a vida possa lhe sorrir como você sorri para ela. Te amo!

Seu amigo,

Max

sábado, 16 de maio de 2009

Salto na penumbra

Bom dia! E então, como vai você? Está melhor com tudo o que tem acontecido? Bom, eu espero que esteja. Se tiver qualquer coisa te incomodando, algo que queira desabafar, por favor, não hesite em me dizer. Posso não saber muita coisa sobre falar, mas algumas pessoas acham que eu sei ouvir bem, então tenta, quem sabe você não esteja só precisando conversar!

Eu sei bem que a vida tem soado incerta e os problemas estão parecendo bem maiores, mas, como nós físicos costumamos dizer, é tudo uma questão de referencial. Não adianta comparar o que você está vivendo com o que o fulano está passando. Cada um segue um caminho porque cada caminho só serve pra uma pessoa.

Esse é um ponto sobre o qual eu gostaria de me aprofundar com você. Imagino que você esteja muito em dúvida nesse momento, pensando bastante que tudo aconteceu muito depressa e que agora só o que você tem é uma incurável dor de cabeça. Só que as coisas não são bem assim. Se é que foi tudo tão rápido assim (o que eu não acredito que tenha sido), sempre sobra muita coisa, sempre sobram escolhas e, curiosamente, a quantidade exata de força que você precisa pra prosseguir.

Se o passo adiante está de dando medo, bom, eu acho, sinceramente, que isso é um ótimo sinal. É sinal de que você ainda tem discernimento suficiente pra ponderar sobre esse passo. Perigoso é se deixar levar por esse medo e daí entrar em pânico sem saber o que fazer. O medo só está lá como uma defesa, uma barreira a ser facilmente transposta. No silêncio da sua razão, no fundo, você sempre soube o que fazer.

Não quero que você crie expectativas vãs. Ouça a voz da sua Vontade, não a voz da Vontade dos outros. Nessa hora, o que menos importa é o que querem os outros. Eu acho mesmo é que você tem de pensar em você, não com egoísmo, mas com inteligência. Melhor poder fazer algo pra ajudar alguém estando bem consigo mesmo do que decepcionar-se demais de tanto tentar poupar os outros. Ninguém ganha nada quando você foge de si porque parece que precisam que seja assim. As pessoas precisam de sinceridade, não só, claro, mas essencialmente disso.

De verdade? Você não sabe mesmo muita coisa sobre os desafios à frente. Uma boa visão pode te ajudar a vislumbrar algumas coisas, mas a sua reação é o que mais conta. Pode ser mesmo bem pior e você pode sofrer, mas também pode ser muito melhor do que você espera e em qualquer dos casos, é certo que há uma recompensa: a própria vivência.

Lembra que eu estou aqui, aconteça o que acontecer! Se faltar coragem, avisa que eu te empurro de lá de cima se você decidir mesmo que quer pular! Você vai ver como é bom quando a gente se lança a esse desconhecido, é a liberdade de voar, um frio na barriga, a adrenalina sobe... o esporte mais radical é mesmo a vida.

Depois me conta como você está se saindo! Saudades!

Max

domingo, 10 de maio de 2009

Para ela,

Hoje em especial, peço licença para deixar a modéstia de lado, mas juro que é por uma ótima causa, afinal, você quem em ensinou que humildade é uma virtude muito importante. Você é uma das poucas pessoas que, felizmente, está comigo desde sempre, sempre mesmo. Costumo dizer que todos passam, mas todos deixam parte de sua essência marcada em nossas Almas. Acho que por isso é que sou assim, por ter tanto de você em mim mesmo.

Certamente você se recorda de coisas que eu mesmo não tenho a capacidade de lembrar, mas também há coisas que podem ter lhe parecido tão singelas, mas que eu nunca poderei esquecer, as pequenas coisas que me tornaram esse Max, tão simplesmente amado como sou.

Ver a felicidade das pessoas sempre me agradou e continuo buscando algo que me faça tão feliz quanto compartilhar bons momentos com os outros. Acho que uma das vezes em que fiquei mais feliz, foi com um bolo de aniversário, ele tinha uma cobertura de glacê e “bolinhas coloridas” em cima. Para mim quilo foi tão fantástico que passei a desejar que todos pudessem ter momentos tão mágicos como aquele.

Com o passar do tempo muitos mais conheceram o garotinho pequeno e tímido e nunca faltaram elogios para o aluno mais comportado, o menino mais educado e uma criança tão inteligente. Sempre achei que não merecia todos esses adjetivos, mas existe um que tenho muito orgulho de ter: “O Bom menino”.

Daí então comecei a aprender segredos antigos e ouvi repetidas as suas palavras em cada um deles. Por mais desconhecidos que possam ser os caminhos que trilho, nunca deixaria de trilhas as estradas de honra e virtude que você me ensinou. Queria poder repetir aquela Cerimônia todos os dias, para sempre, queria poder plantar um jardim de rosas vermelhas e todos os dias te entregar a mais bonita, para provar o que sinto, para mostrar que tudo o que me deram ali, foi graças ao que aprendi com você.

Dediquei-me a ideais que podem não ser exatamente os seus, mas, em essência, o que conta é o empenho e isso é uma das maiores coisas que aprendi com você. Ajudar aos outros sempre me fez feliz e seu exemplo é, inegavelmente, um dos maiores a se seguir. A dedicação com que vive a sua vida, a capacidade de se doar completamente aos outros, isso eu sempre vou tentar imitar para que continue sempre me alegrando tanto quanto você e um dia, no futuro, possa sorrir vendo o sorriso nos rostos de uma família tão linda como a sua.

Estranhos, conhecidos, amigos, amigos-irmãos, irmãos e irmãos amigos. De todos esses eu já ouvi coisas maravilhosas sobre mim. Amigos amados já me disseram que sou seu maior confidente. Como poderia não sê-lo se a vida toda tive uma confidente como você? Grandes homens dentre os maiores deles já me disseram que meu destino está muito acima do sucesso. Se isso um dia chegar a acontecer, só terá sido possível porque antes mesmo de eu vir ao mundo, você já o desejava de todo o coração.

Nos momentos difíceis, tempestuosos e desesperadores, lá estava você, sempre forte, inabalável e ao mesmo tempo inegavelmente sensível. Sempre me perguntei como era possível tanta força e tanto amor, unidos num único ser. Digno de tentar ser imitado, esse poder é passado misteriosamente, como uma herança sagrada, um legado que não pode se perder. Graças aos atos de carinho e superação da própria dor, às palavras de amor ditas, todas com sabedoria e discernimento, às vezes somente olhares tenros trocados, graças a tudo isso você me ensinou esse seu dom, quiçá almejando que todo o mundo pudesse se beneficiar dele.

Então, acima de qualquer honraria ou prêmio, fui chamado irmão pelos mais amados amigos e esses mesmos me vêem tão diferente e tão único quanto você é para mim. Aprendi a ouvir em seus olhos como você vê nos meus, aprendi a ver em suas palavras como você vê nas minhas, e estive sempre ao lado deles quando mais precisam de mim, assim como você. A distância não importa, não há distância para tão grande sentimento. A magia que você me ensinou ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço e só quem pode me ouvir falar, ao longe, entende o quero dizer.

E mesmo quando chegar o fim de todas as coisas, mesmo quando esse mundo passar e todos os segredos do Universo forem revelados, mesmo lá não haverá ninguém que possa fazer jus ao amor verdadeiro, aquele que significa abdicar de si mesmo e doar-se aos outros por inteiro. Esse amor que você tem por mim, mãe.

Simplesmente de mim,

Seu filho.

Essa carta se destina a todas as mães que eu conheço, mas em especial à minha “avó”, às minhas tias, às queridas mães daqueles meus Irmãos’’ , às mães dos meus amados amigos e, claro, à minha mãe. Não é por hoje, hoje não tem mais importância do que qualquer outro dia do ano, portanto, peço a vocês, filhos, que não esperem por esse dia, façam tudo, sempre, como se fosse a única vez.

domingo, 3 de maio de 2009

Próxima parada: ...

Olá! Quanto tempo que eu não te escrevo não é? Estou realmente com saudades, mas apesar de já ter começado inúmeras vezes a lhe escrever, não consigo nunca passar de um “alô!”. Nos últimos dias andei percebendo coisas e talvez tenha até entendido algumas delas. Espero te encontrar logo, mas por enquanto queria ir contando as coisas curiosas que desencadearam as minhas recentes idéias confusas.

Esses últimos tempos eu tenho me questionado bastante sobre objetivos. Temos mesmo um objetivo, mesmo que inconsciente, em tudo aquilo que fazemos? Precisamos mesmo desses objetivos pra seguir com nossas vidas? Já me disseram que fazemos tudo buscando algo, que podemos não pensar, mas nossos instintos guiam nossos atos a objetivos premeditados. Não consigo acreditar nisso. Você pode não concordar e até me achar tolo ou demasiado inocente, mas eu prefiro crer que muitas vezes agimos como agimos simplesmente porque decidimos, sem pensar, sem planejar, sem sermos tão maquiavélicos quanto dizem por aí.

Apesar de tudo estar sempre mudando nessa minha vida e de eu sempre me surpreender com os efeitos das mudanças, percebi que não foi assim com algumas finalizações. No último ano muita coisa terminou e nada me abalou, de fato. Provavelmente tenha sido assim porque já sabia quando e de que forma se dariam esses términos. Foi tudo muito tranquilo, tranquilo demais...

Ainda que independentes e ainda que eu não tenha sentido muito o impacto deles, esses rompimentos todos com coisas que faziam parte da minha vida tiveram uma grande consequencia e só agora fui entender porque é que andava tão perdido. Com todos me dizendo que é obrigatório ter um objetivo, sempre almejei chegar em certos pontos determinados em várias coisas. O grande problema surgiu quando cheguei a esses pontos. O que fazer agora que os meus “objetivos” haviam sido alcançados?

Depois de fatos marcantes, algumas pessoas costumam dizer com animação “... e agora que fiz isso posso me dizer uma pessoa realizada!” (vai me dizer que você nunca viu ninguém dizer isso). Alguns desses objetivos pessoais são muito grandes e estão nos planos das pessoas em longuíssimo prazo. Será que eles passam anos, quem sabe até uma vida toda, não realizados? Será que a vida de alguns é uma total insatisfação? Isso chega a me soar engraçado!

Não vou te falar de novo sobre meu “conceito” de felicidade, é algo muito complexo pra ficar explicando, menos ainda quero iniciar uma discussão religiosa sobre a finalidade da vida, só o que eu estou tentando te dizer é que pra mim não tem cabimento viver pra um fato, viver pra um objetivo, viver pra um único instante em meio a tantos e tantos momentos magníficos.

Comecei a sentir saudades de tudo o que findou no último ano e essa saudade me serviu para lembrar uma coisa: que apesar de ter admirado o fim, não foi exatamente dele que gostei, mas de tudo o que aconteceu até chegar ali. Isso sim, me faz bem mais sentido. Tenho ainda muitos outros pensamentos e coisas que tenho sentido pra contar, mas já escrevi bastante, fica pra uma outra vez! Espero notícias suas!

Até logo!

Max, só Max

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Silêncio

Sejam bem-vindos novamente caríssimos destinatários! Estou mandando esse recado pra dizer que não esqueci de vocês e nem parei de escrever cartas, mas algumas vezes a vida está tentando mandar sua própria mensagem e se não ficarmos quietos não conseguimos ouvir o que ela tem a nos dizer. Todo mundo sabe que se desejamos muito ouvir uma coisa, não adianta nos dizerem o contrário, porque nós conseguimos ignorar todas as outras vozes e fazê-las se parecerem com ruídos estranhos enquanto só a voz dos nossos desejos se sobrepõe a tudo. Fora a correria, não escrevi porque precisei passar um tempo quietinho, tentando só ouvir o recado que estava sendo abafado pelos outros sons: risos, gritos, vozes, lamentos e suspiros... Enfim... acho que já basta de silêncio por enquanto! É assim mesmo, como nos filmes de soldados, fui pra guerra da minha vida, peço que vocês tenham um pouquinho de paciência, em breve, muito breve mando o carteiro entregará as tão esperadas notícias! Até mais!

domingo, 15 de março de 2009

Relato das muitas lendas das "Lágrimas dos Anjos"

(Extraído do diário do Último Regente)

Os Anjos não ensinaram aos Antigos todas as aplicações da Magia, pelo contrário, lhes ditaram a lei única e base da Arte das Artes: a compreensão da essência é a chave para seu domínio. Estamos vivendo dias escuros e talvez não haja melhor momento para registrar, resumidamente, o caminho que trilhei até encontrar esse domínio, talvez isso possa ser de grande valia para meu sucessor, mesmo que não seja um grande “exemplo a ser seguido”.

A essência de cada um de nós é manifesta por um signo, velado em nossos corações até que o próprio tempo possa dar-nos conhecê-lo. Todos de nosso povo sabem disso, porém, alguns de nós, assim como eu, não perceberam logo que conhecer nosso Destino, nosso legado e mesmo nossa missão, não basta para perscrutarmos nossa essência. Percebi o legado de minha família quando era uma criança. Esforçava-me para compreender o motivo sem dar-me conta de que não há necessidade de conhecermos os motivos, mas sim de aceitarmos ou não nossos legados.

Nada nos é imposto, podemos recusar trilhar certo caminho, porém a criança não dá grande importância ao futuro e muitas vezes o teme, sendo assim, ela prefere a dúvida à escolha que a guiará ao desconhecido. Felizmente nenhum de nossos caminhos pode ser descartado e minha vida como uma criança solitária rendeu bons frutos. Pude aprender que o silêncio e a serenidade podem calar os mares e abrandar as tempestades, acima de tudo, comecei a trilhar os caminhos do olhar.

As provas da vida são duras e em diversos momentos cometemos o erro de pensar que os extremos nos bastam. Imaginei por muito tempo que a resignação seria o único caminho e por isso cada queda se tornava cada vez mais terrível. O que acontece quando se enjaula uma Fênix? Ela voltará suas chamas para dentro e morrerá, gélida, sem poder renascer. No entanto, os pássaros de fogo podem comunicar-se habilmente e se outro vier em seu socorro, ele lhe ajudará a explodir suas chamas com tal força que qualquer jaula ao seu redor será consumida.

Tive o privilégio de notar ainda bem jovem que todos aqueles que cruzam nossos caminhos tem algo para nos oferecer. Aprendi diversas lições, não só com os tutores, mas com sábios incógnitos aos quais, muitas vezes, tive a honra de chamar amigos. Alguns desses amigos queimavam como as Fênix e me ensinaram como sair da jaula que criei em torno de mim.

O tempo passou e as chamas de minha ousadia cresceram, mas ainda temia muitas coisas. Talvez o maior de todos os erros seja faltar com a Verdade. A sinceridade é o preço para que se mantenham as maiores amizades e se separem aqueles que cumpriram seu papel em nossas vidas daqueles que ainda tem uma missão a desempenhar. Esse aprendizado se deu de uma forma dolorosa, mas os sábios dizem que alto é o custo do conhecimento.

Meu período de maior aprendizado foi certamente minha permanência no Círculo de Aprendizes do Conselho. Quando fui aceito como aprendiz tive a honra de encontrar grandes cavaleiros, sábios, magos e artífices de todas as Artes. Todos puderam mostrar-me diversos caminhos a seguir. O exemplo de meus colegas me conduziu pelas estradas do amor e da alegria, aperfeiçoei-me na Arte, experimentei o doce e o amargo, pus a prova minha resistência e testei meus limites... então veio a Guerra...

Quando iniciou a Guerra das Sombras, muitos foram levados para o lado das trevas. Ainda posso ver o Senhor das Sombras tomando forma diante de nossos exércitos. Poucos conseguiam resistir ao desespero e se entregavam facilmente ao abismo. Eu era apenas um aprendiz perto de cavaleiros renomados e grandes homens. Lembro-me de nossa derradeira batalha, o sinistro inimigo ergueu sua mão direita e os campos cobriram-se de brumas negras, ficamos cegos e em desespero. Muitos, inclusive eu, se lançaram ao chão. Ali, naquele momento, lembrei-me de tudo aquilo pelo que já havia lutado, lembrei-me de todos sacrifícios que fizera, lembrei-me do gosto doce do néctar, dos bailes e das paixões arrebatadores, finalmente percebi que amava nossa terra e estava disposto ao maior dos sacrifícios para mantê-la livre. Mesmo assim, não tinha coragem de prosseguir, estava esgotado e não conseguia olhar, nem para a treva ao meu redor, nem para a luz que havia em minhas lembranças.

Como sempre ocorre nas horas em que estamos em maior desespero, surge uma força inesperada. Naquele instante de medo e terror, virei meu rosto e ao meu lado estava um amigo, um irmão no Conselho, e suas palavras foram essas: “Você quer desistir? Então desista. Mas tome sua decisão e não permaneça em dúvida. Convença-se do que realmente deseja e aja, simplesmente convença-se de sua decisão, sua escolha...”, naquele mesmo instante, mesmo com as trevas nos cobrindo, levantamos juntos e seguimos, lado a lado. Testemunhando nossa vontade, muitos outros se ergueram e nossa coragem intimidou a vontade de nosso inimigo e a treva recuou.

Vencemos aquela batalha, mas a Sombra sobreviveu. Outros ainda deverão enfrentá-la antes do Fim e como há muito foi dito, ainda será bom que o mal tenha existido. Pois por ele aprendi minha grande lição: o medo é o cativeiro dos homens e somos livres quando não tememos nossa própria essência e sabemos ouvir a vontade de nossos corações. Naquela noite, um falcão cruzou os céus e sua sombra se projetou na Lua. Compreendi então meu signo sagrado, aquele que revela a essência de meu ser. Fui um observador, um guardião dos amigos, perdi minhas forças e meu poder numa batalha, mas a Justiça entregou-me um novo olho. O maior desafio é continuar de olhos abertos tanto ante o escuro como ante a mais forte das luzes. Compreendi minha essência, possuía a chave para o seu domínio, desenhei num pergaminho o signo de meu coração.

Como o antigo costume, à décima terceira hora, do décimo terceiro dia, recebi a insígnia de prata da mão de meus amados mestres. Carrega-la-ei, orgulhosamente, para sempre.

Regente Heru-as-Aset

domingo, 22 de fevereiro de 2009

IMPORTANTÍSSIMO

Meus caros amigos e leitores,
Escrevo pensando que, de alguma forma, minhas cartas ajudarão as pessoas. Muitas delas não tem destinatário, mas o faço com carinho na esperança de "mudar o mundo pelo menos um pouquinho". Tenho um amigo e ele está com leucemia. É sempre meio chocante quando ficamos sabendo que pessoas da nossa idade estão doentes e eu não fiquei menos surpreso quando fiquei sabendo do caso do Guto. Isso me fez pensar em quantas vezes eu disse "Nossa... eu podia ir doar sangue, isso ajuda as pessoas e não me custa nada" ou "Puxa... tem pessoas que morrem porque não conseguem um doador de medula óssea... bem que eu poderia me inscrever como doador..." e no fim, acabei me sentindo até um pouco egoísta por não pensar que uma coisa que não me traz nenhum prejuízo pode ser a diferença pra alguém que esteja doente. Bom, enfim, muitas outras pessoas pensaram nisso e criou-se uma campanha para colaborar com a AMEO (Associação da Medula Óssea). Olha, confesso que não imaginava que a coisa era tão simples, eu realmente achei que envolvia dores insuportáveis e coisas do tipo, mas não! É muito mais "confortável" do que se diz por aí. Então, assim, pra não tomar mais o tempo de vocês, estou colocando um link AQUI que vai dar num "folder" esclarecendo várias coisas e convidando para que vocês participem da campanha no próximo dia 7 de março (Claro, se você não puder ir, e ainda assim quiser ajudar não tem problema, é só se cadastrar na lista de possíveis doadores). Mesmo se você não puder ou não estiver afim por qualquer motivo, você ainda pode repassar isso e divulgar, porque já é uma grande ajuda! MUITO obrigado pela atenção de todos vocês!

Montanha de erros.

Da janela do meu quarto, bem ao longe, eu posso ver uma montanha. Como minha noção de localização não é das melhores, nem adianta me perguntar que lugar é aquele porque não sei dizer. Só sei que, pela primeira vez, ver aquela montanha lá longe me fez pensar. Pelo que dá pra ver, tem um caminho que leva até o alto, todo margeado de árvores, um caminho que eu me vejo trilhando. Posso imaginar os tempos antes dos homens, quando toda aquela região era uma floresta, ali não havia trilhas ou caminhos pré-estabelecidos e seria praticamente impossível chegar ao topo sem se perder.

O curioso é que agora essa carta parece bem mais importante do que quando pensei que deveria te escrever, uns dias atrás, espero que você entenda o que quero te dizer. Lá está minha montanha, pré-histórica, repleta de árvores gigantes, sem nenhuma trilha que leve até o topo. Imagine estar perdido no meio dessa floresta e que seu único objetivo seja prosseguir até o topo. Um bom geógrafo poderia explicar melhor, mas mesmo assim vou tentar... Minha montanha, na verdade, não é uma montanha muito íngreme, de modo que muitas vezes você pode não saber se está descendo ou subindo, mesmo devido à irregularidade do terreno em alguns locais.

A pergunta que faço é bem simples: sem conhecer a mata inexplorada, sem poder ver o céu e se guiar, por qualquer meio que fosse, haveria realmente algum caminho errado para chegar lá no alto? Estou ouvindo Vivaldi. Se ele não tivesse arriscado compor e criar seu próprio caminho, não poderíamos ouvir a beleza das quatro estações expressas na forma de sons.

Talvez essa seja a parte mais complexa do que estou tentando te dizer. Não quero que você pense que sou um revoltado, contrário a qualquer tipo de regra. Perceba que minha montanha é inexplorada, hoje, como posso ver de minha janela, há uma estrada que conduz direto ao topo. Sem um motivo razoável eu seria tolo em me embrenhar na mata para tentar encontrar um outro caminho.

A referência que faço é à montanha que está dentro de você, aquela que sua própria existência criou e impôs. Se não há nenhum caminho pré-estabelecido para chegar ao topo, então o caminho que escolhermos nunca será errado. Acumulamos arrependimentos por opções erradas, mas poucas vezes nos questionamos se conhecíamos outros caminhos e mais ainda, se conhecíamos os lugares onde esses caminhos poderiam nos levar. Também não tenho nenhuma noção de distâncias, então vou fingir que o caminho que sobe a montanha tem apenas um quilômetro. Estando perdidos, se andamos dezenas de quilômetros para chegar ao topo de nossas montanhas, ainda assim seremos vitoriosos, afinal, os médicos sempre dizem que caminhadas fazem muito bem à saúde...

Em tempo, vale lembrar que sou mais um perdido, não tenho respostas miraculosas para questões e nem tenho bússolas mágicas para guiar a todos. Conte comigo sim, quando precisar, mas não espere chegar lá em cima sem se cansar, como disse, não tenho muita noção espacial...

Até qualquer hora!

Max

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Parábola da Aranha.

Nos últimos dias recebi notícias que me chocaram. Por maiores que sejam nossas cicatrizes, algumas vezes ainda trememos com a dor. Você e eu somos muito frágeis e isso me agrada. O mundo a nossa volta é perigoso e talvez por isso, não menos fantástico.

Havia uma minúscula aranha. Pouco importa de onde veio ou pra onde foi. No tempo de sua vida que nos interessa ela vivia dentro dum minúsculo furo, no canto de um grande salão vazio. Tal é a natureza de todas as coisas que a aranha começa a tecer um fio de uma estranha seda e a esse ela une outro e mais outro. Depois de centenas, talvez milhares de fios, a pequena aranha terminou sua teia. Aquela foi uma grande obra e consumiu muito tempo de sua curta vida de aranha, mas sua natureza lhe diz que isso é que lhe proverá o seu sustento.

Em dado momento, a famosa Maria incógnita, encarregada da limpeza, varre todo o salão. Sobe em cadeiras e escadas e, pouco a pouco, retira o pó dos lustres até finalmente chegar ao canto em que vivia a aranha. Maria utiliza seus instrumentos e arranca quase que de uma vez a pequena teia. Depois de se certificar que havia limpado tudo adequadamente, com seus produtos químicos perfumados, desce do banco e continua seu trabalho. Depois de encerar o chão, ela se vai. Ela faz isso porque é o que lhe proverá o seu sustento.

Tal é a natureza de todas as coisas que na presença de Maria a aranha escondeu-se em seu furo, porém os produtos químicos lhe fizeram mal e ela mudou-se para uma pequena fresta entre o lustre central e o teto. Ali, por sua natureza, começa a tecer nova teia. Ela tece e tece, fio após fio, porém é interrompida por um vento que não sabia de onde vinha. O vento é forte e destrói toda a teia. A pequena aranha quase cai ao chão do salão, mas prende-se, por um único fio, ao lustre enquanto o vento estranho a faz oscilar como se estivesse num pêndulo.

O salão está repleto de pessoas. Todas dançam. Pouco importa a música ou o ritmo, o importante é que os ventiladores de teto estejam ligados para que ninguém sinta calor. Isso é providenciado pelo gerente, afinal, a dança das pessoas lhe proverá o seu sustento.

E ali, sendo empurrada para lá e para cá, está a ínfima aranha, sustentada por um único fio. Não consegue subir por causa do movimento e nem tampouco pode descer, pois será esmagada pelos dançarinos que se movem muito rápido. A seda de seus fios é tão frágil que se mais um ventilador for ligado, talvez o próprio vento faça-o arrebentar. Talvez, num brinde, quando todos erguerem suas taças, seu fio acabe molhado de vinho e desfeito. Talvez o gerente note, miraculosamente, a presença de um fio de teia pendendo do teto e ordene a um garçom que, discretamente o remova.

A aranha não compreende o baile e talvez ninguém a compreenda, por ser tão pequena, mas todos, sem exceção, buscam seu próprio sustento. Não se pode prever o que acontecerá com a aranha se ela for privada do fio que lhe sustenta. Isso pouco nos importa saber, o importante é sabermos que tal é a natureza de todas as coisas que, maiores ou menores, somos todos aranhas.

Não lhe agrada imensamente essa bela cena?

Até breve.

Max – a menor das aranhas

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Jogo sob o luar

Posso me gabar e dizer que sou virtuoso nos jogos da vida, pois através de olhares enigmáticos posso flertar sobre o real valor das cartas em minhas mãos. Contudo, aprecio muito mais o jogo quando tenho o prazer de encontrar um oponente à altura, que terá coragem de duvidar e me desafiará com sorrisos atraentes, a provar meus mistérios sem cartas na manga. Nunca estou satisfeito e quero vagar em busca de um bom desafio, quem sabe um pouco de dança, talvez uma valsa tranquila, depois um tango enigmático e por fim uma salsa caliente.

Não deseje que eu seja como uma fera terrível, pois mesmo as mais selvagens podem ser domadas. A tamareira, o sicômoro e a figueira são apenas árvores e mesmo assim tem grande papel no destino dos deuses. Abro a janela para sentir o gosto do vento, a sensação da liberdade. Como é bom sentar-me junto a janela e observar a tempestade lá fora, a voz do vento que brota do caos. A palavra forte daquele que está livre é como o vento que pode dobrar as árvores. Esse é poder que almejo: força e liberdade.

Vejo a mim mesmo como a combinação de ervas num novo chá: um sabor doce e sedutor de flores, não falta também uma ou outra folha seca que exala um aroma forte e arrebatador, umas poucas gotas de alguma fruta cítrica para fazer despertar os desejos ocultos e até mesmo uma especiaria que queima por ser tão deliciosamente refrescante. Tentador, mas cuidado, muitas vezes esses tais sabores escondem poderoso veneno, afinal, gosto de jogadores audaciosos.

Taças de vinho na noite clara de lua vermelha, rosas de vermelho sangue. Sinto a tempestade dentro de mim, entre notas tocadas pelas mãos ágeis ao piano, surge a expressão de minha própria voz, repleta de palavras ocultas, enigmas para o grande jogo. Infinitas cartas, cartas para você, cartas de tarot, cartas de amor... todas dirão a verdade, mas nenhuma delas, será tão livre quanto os sentimentos que se mostram ousados sob o luar...

Maximiliam A.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Você não tem medo de mim?

E aí, como vai a vida? Nada poderia substituir uma conversa nossa, mas já que isso não é tão simples (e o que é que tem sido simples nesses dias confusos?), estou escrevendo essa carta pra te contar as últimas novidades e acontecimentos, em especial, pra falar de um pensamento-sentimento que despertou em mim.

Ao contrário do que eu esperava, minhas férias estão sendo até que bem divertidas. Saindo algumas vezes, vendo muitos filmes, tendo experiências novas, tudo muito interessante. Um acontecimento dois dias atrás, entretanto, me deixou bastante perturbado. Aqui se faz necessário que eu peça, por gentileza, que você se esforce para compreender a versão resumida da história porque contar tudo seria enfadonho e trabalhoso demais. Estava numa estação de metrô aguardando uma pessoa junto às catracas, do lado “de fora”. Do lado “de dentro” uma garota, visivelmente preocupada, pedia informações à funcionária da estação e essa respondia: “Sim, essa estação tem duas entradas, a outra linha de bloqueios fica na outra ponta da plataforma de embarque”. A garota agradeceu e, rindo aquela risada de “ai, e agora?”, parou ao meu lado. Ela também estava esperando alguém, ela do lado “de dentro”, eu do lado “de fora”.

Por um motivo qualquer as pessoas que esperávamos estavam atrasadas, bem atrasadas ou, quem sabe, estivessem esperando na outra saída, do outro lado da estação. Nossa preocupação comum e uma mulher pedindo informação aos dois foram os fatos que nos deram chance de começar um diálogo. Muito simpática, a garota propôs uma estratégia para que ambos se ajudassem: descrevemos um ao outro as pessoas que esperávamos, fiquei aguardando onde estava e ela foi para a outra entrada procurá-los. Depois de alguns minutos ela voltou. Ninguém tinha aparecido, em nenhum dos lados. Eu, acostumado aos imprevistos de São Paulo e aos atrasos dos meus amigos, estava esperando bem tranqüilamente, já a garota, vinda do Distrito Federal, estava em pânico. Ela tinha um cartão telefônico, mas não havia telefone público dentro da estação, como ela não podia sair ou teria de pagar mais uma passagem, me perguntou se seria possível que eu fosse até a rua e telefonasse para sua amiga. Obviamente concordei, afinal, estava esperando, sem grande comprometimento com horários e não havia motivo para não ajudá-la.

A cena que vou descrever é a que, infelizmente, não está me deixando em paz. Estava subindo as escadas e me deparei com uma garota falando ao celular. Ela era muito parecida com a descrição que a moça me fizera de sua amiga e a ouvi dizer “já estou aqui na estação”.

“Com licença...” – disse eu.

“Eu não quero falar com você!” – me respondeu a garota, extremamente agressiva, fazendo um gesto com a mão livre, uma ameaça, algo como um sinal de que eu deveria me afastar.

“Mas eu só queria...” – tentei continuar, porém ela desceu alguns degraus falando, desesperada, ao celular.

“Eu vou desligar, não, não posso falar agora! Tem um cara me perseguindo...” – disse ela ao seu interlocutor enquanto descia correndo as escadas.

Tentei ir atrás dela para explicar o que estava acontecendo, porém imaginei que nada do que eu fizesse poderia resolver a situação, além disso, se ela fosse mesmo a amiga da garota, então quando eu telefonasse, da rua, a situação toda se esclareceria. Saí, telefonei e voltei. Não, a garota desesperada não era a amiga da moça da estação. No fim, bem, tudo acabou dando certo, a amiga da moça chegou primeiro, depois encontrei quem estava esperando. Mesmo assim, continuei estranhamente preocupado com o que aconteceu nas escadarias, não conseguia me esquecer de jeito nenhum.

Pode parecer pouco, pode parecer uma besteira, mas aquela cena não sai da minha cabeça. O gesto hostil, o “não quero”, a desesperada descrição “um cara me perseguindo” e o seu olhar... o seu olhar terrível, como fogo. Detesto situações mal resolvidas e mesmo sabendo que não há chances de encontrar aquela garota de novo, pensar que ela fez tão mau juízo de mim me deixou triste. Nem sequer sei o que ela pensou que eu fosse! Talvez nem ela tenha pensado em nada, o mais provável é que tenha agido assim por medo. O estranho é saber que eu também senti medo, tanto medo quanto ela deve ter sentido, não dela, mas sim um medo do medo que ela sentia, das atitudes absurdas e completamente impensadas que ela poderia tomar tão somente por não conhecer meus propósitos, por ignorar a razão.

Nossa! Essa carta já está enorme, preciso parar por aqui. Ainda tenho bastantes coisas pra te contar, coisas que eu estou pensando e sentindo, conseqüências dessa história e de outros acontecimentos. A princípio, o que eu tenho pra concluir está condensado nas palavras de um grande sábio: “o medo é apenas uma preguiça da vontade”.

Até breve! Seu amigo,

Max”

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Férias e cartas

Olá meus queridos amigos! Só estou mandando esse recadinho pra dizer que estou morrendo de saudades de todos os que estão longe e também dos que não estão tão longe assim... Agora, oficialmente "em férias", posso voltar a me corresponder mais constantemente com todos vocês. Por hora, tem algumas coisas que podem interessar a vocês... VESTIBULAR UNICAMP: As listas de aprovados da em 1ª chamada saem no próximo dia 05 de fevereiro, meio dia, porém os mais curiosos já podem ir olhando as resoluções oficiais (respostas esperadas) das provas no site da comvest desde hoje. Hoje (15/01) devem sair as respostas de Português e Biologia, amanhã (16/01) de Química e História, na segunda-feira (19/01) publicam Física e Geografia e, por último, na terça-feira (20/01) saem as resoluções de Matemática e Inglês. Boa sorte pra todo mundo que prestou! CINEMA IMAX: Pra quem gosta de cinema e tecnologia, amanhã (16/01) será inaugurada em São Paulo a primeira sala "IMAX" do país no Shopping Bourbon, na Pompéia. Promete-se uma "tela gigante", imagens muito mais vivas, posicionamento central dos espectadores e projeções em 3D muito superiores às atuais. O filme de estréia é um documentário sobre o fundo do mar, de repente deve ser até meio sem graça, mas para os mais cinéfilos, não custa assistir pra comprovar as "maravilhas" dessa sala de cinema tão esperada. Mais informações aqui. É isso pessoal. Até as cartas! Beijos e Abraços,
Max