domingo, 22 de fevereiro de 2009

Montanha de erros.

Da janela do meu quarto, bem ao longe, eu posso ver uma montanha. Como minha noção de localização não é das melhores, nem adianta me perguntar que lugar é aquele porque não sei dizer. Só sei que, pela primeira vez, ver aquela montanha lá longe me fez pensar. Pelo que dá pra ver, tem um caminho que leva até o alto, todo margeado de árvores, um caminho que eu me vejo trilhando. Posso imaginar os tempos antes dos homens, quando toda aquela região era uma floresta, ali não havia trilhas ou caminhos pré-estabelecidos e seria praticamente impossível chegar ao topo sem se perder.

O curioso é que agora essa carta parece bem mais importante do que quando pensei que deveria te escrever, uns dias atrás, espero que você entenda o que quero te dizer. Lá está minha montanha, pré-histórica, repleta de árvores gigantes, sem nenhuma trilha que leve até o topo. Imagine estar perdido no meio dessa floresta e que seu único objetivo seja prosseguir até o topo. Um bom geógrafo poderia explicar melhor, mas mesmo assim vou tentar... Minha montanha, na verdade, não é uma montanha muito íngreme, de modo que muitas vezes você pode não saber se está descendo ou subindo, mesmo devido à irregularidade do terreno em alguns locais.

A pergunta que faço é bem simples: sem conhecer a mata inexplorada, sem poder ver o céu e se guiar, por qualquer meio que fosse, haveria realmente algum caminho errado para chegar lá no alto? Estou ouvindo Vivaldi. Se ele não tivesse arriscado compor e criar seu próprio caminho, não poderíamos ouvir a beleza das quatro estações expressas na forma de sons.

Talvez essa seja a parte mais complexa do que estou tentando te dizer. Não quero que você pense que sou um revoltado, contrário a qualquer tipo de regra. Perceba que minha montanha é inexplorada, hoje, como posso ver de minha janela, há uma estrada que conduz direto ao topo. Sem um motivo razoável eu seria tolo em me embrenhar na mata para tentar encontrar um outro caminho.

A referência que faço é à montanha que está dentro de você, aquela que sua própria existência criou e impôs. Se não há nenhum caminho pré-estabelecido para chegar ao topo, então o caminho que escolhermos nunca será errado. Acumulamos arrependimentos por opções erradas, mas poucas vezes nos questionamos se conhecíamos outros caminhos e mais ainda, se conhecíamos os lugares onde esses caminhos poderiam nos levar. Também não tenho nenhuma noção de distâncias, então vou fingir que o caminho que sobe a montanha tem apenas um quilômetro. Estando perdidos, se andamos dezenas de quilômetros para chegar ao topo de nossas montanhas, ainda assim seremos vitoriosos, afinal, os médicos sempre dizem que caminhadas fazem muito bem à saúde...

Em tempo, vale lembrar que sou mais um perdido, não tenho respostas miraculosas para questões e nem tenho bússolas mágicas para guiar a todos. Conte comigo sim, quando precisar, mas não espere chegar lá em cima sem se cansar, como disse, não tenho muita noção espacial...

Até qualquer hora!

Max

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