domingo, 4 de novembro de 2012

Banho de chuva


O juramento assumido não foi jurado se não é vivido. Não há validade na promessa que não tem como prova a própria vida. Cada manhã será testemunha do compromisso de que todo dia é um passo daquele sonho, pois a manhã se abre para que os olhos a vejam, mas os olhos se abrem para ver a manhã. Acordado sonhando. Sonhando acordado. Sonhando que está acordado. A ordem faz diferença, mas já não importa.
Caminhando em direção a passagem, em meio ao jardim que a primavera trouxe. Tapetes de flores coloridas pelo caminho. Cigarras, pássaros, o sol tímido se erguendo no céu. Levando nas mãos aquilo que será absolutamente importante naquele dia. Na mala, leve, vai aquilo que é essencial, mas não necessariamente útil. A garça faz graça na lagoa, em cima do reflexo do sol. É hora de atravessar. A passagem pelo lago leva do jardim para a fantasia, é a toca do coelho da Alice, onde todos são loucos e se julgam mais normais que os outros loucos.
Quantas vezes passei pela passagem? Quantas vezes cruzei o abismo entre mundos? Quantas vezes até agora passei para aquele lado, além do jardim onde eu vivo, e hoje ele é só é um pedaço do caminho para um mundo mais além. Quando a gente vê que há um mundo além do jardim e do país das maravilhas a gente percebe que está mesmo sonhando. O ônibus vazio sai da fantasia e vai em direção ao falso caos rotineiro da cidade, completamente ordenado em sua desordem.
O canto dos pássaros se torna o barulho enervante dos carros, motocicletas e da música dos rebeldes que esqueceram sua revolta. Reparando nos que estão ao redor, se vêem mãos sempre livres e malas muito pesadas. O dia passa, rápido, afinal, sonhos são muito velozes. De volta ao ônibus para a toca do coelho. O céu do entardecer muda rapidamente para uma obscura revolta, é chuva que se aproxima. Já estava prevista, por isso as mãos traziam o guarda-chuva. Traziam. Já não trazem mais. Ele foi esquecido porque não se fez necessário em nenhum outro momento do dia.
Chuva muito forte vira banho de chuva quando não se pode mais adiar a descida do ônibus. Gargalhadas sozinho no caminho de volta, pela passagem do lago, para o jardim onde vivo. Cada gota de chuva é refresco pra alma, é o balde de água gelada que faz dormir quem estava sonhando acordado. Confiante, despreocupado, conhecedor da realidade. A chave de quem está ensopado gira tranquila na porta, não há pressa, não há nada a perder que já não esteja perdido.
Depois, relaxando sentado na poltrona, sozinho, ainda continuava sorrindo por ter compreendido. Os que estão ali, ao alcance da mão, são como guarda-chuvas: parecem muito importantes, mas são utilitários, ficam pelo caminho quando a ausência de necessidade faz esquecer deles. Perdi dezenas de guarda-chuvas pela vida e sempre fiquei chateado com a perda de cada um deles. Mesmo assim, nunca fiquei triste realmente como se tivesse perdido algo de dentro da mala. A mala é leve como o coração de quem deixa o peso inútil para trás e, sem precisar fazer esforço para lembrar ou manter por perto, carrega aqueles que são essenciais.
Max

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Estiagem


Sereno, contemplo a aridez. Ar poeirento. Terreno arenoso. Ramas secas, mortas, quebradiças como pele desidratada. A sensação grosseira do toque rude da pele seca passa cortante pela garganta sedenta. Gosto de sangue na boca rachada, cortada de sol. Ar que não rende. Ar que queima. Ar que dá falta de ar. Passos torturantes que buscam encontram só esterilidade. Tudo que não está morto está esperando a morte. Aves carniceiras espreitam no céu. Entregue, sem meios, cai o corpo de encontro ao chão do deserto. Sede.
A calma invade. O resto já foi, tragado pela seca. Tanto quanto a ansiedade, a calma não pensa, age sem saber. As mãos vão aos bolsos, quentes, mas protegidos do sol. No bolso da calma, uma semente. Que ironia: uma semente vermelha, grande, forte e vistosa, uma semente dentro do bolso da calma, no meio do deserto.
O grão duro não pode ser mastigado pela boca fraca e faminta. Não pode sequer ser espremido pelas mãos débeis para tirar dele algum líquido. Semente, no deserto, vale o mesmo que pedra. Jogada fora, do bolso da calma para o solo infértil. Jogada longe, com as últimas forças dos braços irados. Se é pra morrer na seca, que seja com o sangue fervendo.
Semente da salvação, cai na terra fazendo milagre. Cai na terra plantada como ventania, pra se colher tempestade. De repente, vem o vento e chicoteia o corpo caído. Antes de morrer, ele há de testemunhar o seu milagre. Acorda! Acorda da calma e sente a dor das chibatadas de areia na ventania! O sol não queima mais porque as nuvens escuras cobriram seu rosto brilhante, cobriram o azul do céu e ele já não pode ser visto. As nuvens cegaram o mundo.
O meio-dia está magnificamente escuro. O poder da semente confundiu o tempo e as nuvens carregadas criaram noite no deserto. A semente vistosa se prepara para receber o que lhe convém. O corpo, dilacerado pelo calor, pela sede e pela areia sangra com os olhos secos sem poder chorar. Então ri. Ri estrondosamente porque a loucura tomou lugar da serenidade contida e da calma inerte. E os risos soam como desafio às nuvens que invocam seus relâmpagos e raios terríveis e estrondosos.
Caem sem ter o que destruir, pois o sol queimou tudo antes deles. Ameaçadores, desenham na cortina negra do céu  as runas da sua força. A semente sorri e aguarda. O corpo está prestes a desfalecer. Então, em meio aos rugidos do vento e dos relâmpagos e da noite das nuvens negras, os cortes do corpo recebem as gotas grossas e fartas de chuva. Gordas, caem como pequenas pedras, pesadas sobre a pele sofrida. São o bálsamo ardoroso nas feridas do tempo. O orgulhoso sol caiu, a noite da tempestade se levanta.
A água refrescante é seu sangue, o vento forte é seu alento, as nuvens negras são seu corpo, o relâmpago é seu olhar e o trovão é sua palavra. “À batalha! À batalha que traz vida ao deserto!” Pois sua semente floresceu e frutificou numa árvore de frutos tais quais não há em nenhum Éden. Pois esse é o tempo do novo Éden, é o tempo do forte colher.
Há muito tempo não chovia...

Maximiliam

sábado, 15 de setembro de 2012

Sinceridade


Para mim a maior dificuldade na dança é seguir o ritmo da música. Algumas vezes parece que os passos e a força da melodia pedem que a gente acelere, mas na verdade os compassos seguem sem alteração. Outras tantas vezes os pés pedem leveza e calma enquanto a música corre rápido como o pensamento. É tudo questão de saber ouvir, mas tem vezes que o que a gente menos quer é ouvir a música a nossa volta...
Nos últimos dias, aprendi muitas coisas que podem ser vistas como duras ou cruéis, mas eu as vejo como fatos. Percebi as mentiras inocentes que as pessoas contam nas palavras de conforto. Às vezes a gente precisa de cuidado, mas acho que o mundo seria bem melhor se, na maior parte do tempo, o cuidado fosse para com a sinceridade. Pra quem passou muito tempo vivendo de carinho, é sofrível ouvir que os corações fortes não vencem as guerras, que são as armas que vencem as guerras. É difícil ouvir que os corações fortes podem resistir, suportar, mas não podem ferir ou subjugar, as espadas são pra isso.
É bom aceitar que a nossa vontade só se satisfaz no fio da espada, enfrentando o mundo todo se necessário for. A única guerra nobre e legítima é a do homem contra seus próprios demônios e, por que não, contra seus próprios deuses. No fim, deuses e demônios são só forças dinâmicas equilibrando o caos.
Via a desordem e não compreendia de onde podia nascer beleza no caos. Ontem vi um pequeno anjo cantar e aquilo me emocionou de tal forma que a vida pareceu fazer mais sentido. Os frutos só nascem da luta, da semente do caos é que vem as coisas mais belas. Seguir o ritmo, dar ouvidos a música a nossa volta e nada mais. Leveza na calma, força na ansiedade. Fico feliz por ter aprendido que dor e sofrimento são coisas da vida, são males necessários e que “todas as tristezas são nada mais que sombras; elas passam e pronto; mas existe aquilo que permanece”. Hoje eu sei que não há paz senão a quem conquista e não há amor senão a quem merece.
Até breve,
Maximiliam

domingo, 9 de setembro de 2012

Inversamente proporcional

Vontade de despejar todos os meus pensamentos de uma vez como a torrente forte do rio que corre livre e impetuoso. Queria um dia entender por que tudo tem que ser assim tão assado, por que é que as pessoas dizem que vivem assim assado e na verdade agem assim assim, queria entender o turbilhão de dúvidas que há em mim pras quais eu soube e sempre saberei que não há resposta.
A gente quer muita coisa. Hoje seria um bom dia pra escalar aquela parede, pra sentir o calor e o vento batendo no rosto. Também gostaria de morar na praia, se morasse na praia, sem dúvida que agora estaria olhando pro mar e perguntando por quê. Podia dar um jeito de ir dançar e dançar até os pés doerem de felicidade. Por sinal, hoje, faz exatamente um ano que eu comecei a dançar. Acho que foi uma das coisas mais legais que comecei a fazer na vida. Um acerto em meio a tantos erros. Um acerto que faz um ano e um ano que passou rápido. No fim, não sei dizer de fato se a passagem do tempo mudou alguma coisa concreta. Continuo querendo muita coisa.
Fazendo um balanço, de modo geral posso concluir que emburreci um pouco. Acredito que sei menos coisas do que sabia um ano atrás e sei mais coisas nas quais não acredito do que acreditava um ano atrás. Minha paciência diminuiu, talvez porque eu tenha percebido que esperar não é só um ato de força, mas uma profissão de fé. E descrente que estou em tanta coisa, fica difícil ter fé naquilo que se espera.
É... Hoje nada faz sentido... Nada. Parece que está tudo tão do avesso quando eu olho e ao mesmo tempo tudo tão normal quando lembro de como sempre foi... Tanto é verdade que, mesmo com tantos pensamentos na cabeça, esse é um dos menores textos que eu já escrevi.

Max

domingo, 29 de julho de 2012

Manhã vazia

Acordei com vontade de chorar, mas as lágrimas não vieram. Sentado na cama, senti como se tivessem me arrancado o coração e deixado aberto aquele espaço oco, aquele vácuo, aquele vazio. Vazio que deixa sem ar, naquela agonia ardente e sem dor. Começo a sorrir, aquele sorriso.

Ontem compensou todos os ontens anteriores. E hoje eu acordo com aquela sensação de que não vai haver nenhuma outra noite improvisada, harmoniosa e fantástica como a de ontem. Que tudo aquilo que o sono satisfeito deixou pra trás ficou no passado e não vai poder ser revivido. A sensação da lembrança mais bela e eternamente única: a verdade é que não dá pra repetir nenhum ontem e é por isso que hoje amanhece tão vazio.

Não é uma gargalhada, nem uma risada, é um sorriso, é o sorriso. Precioso, completo, verdadeiramente verdadeiro. Não tem como explicar essas coisas, até queria, mas não sou poeta pra falar palavras pra coisas silenciosas, pra coisas assim, eu só tenho aquele sorriso.

O vazio não tem barreiras, não tem incertezas nem preocupações. A gente pode tudo no vazio. Nessa hora, a gente mesmo é tudo porque o nada não tem limites. Aquele lugar é o melhor momento do dia porque fica fora do tempo que a gente conta. O vazio é um milagre que a gente testemunha todo dia, quando acorda.

Do que mais eu preciso, além desse sorriso? Sabe, agora as lágrimas vieram...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Barquinhos de Gelo e Fogo


Ouvi uma lenda sobre pequenos barquinhos mágicos correndo pelo rio da vida. Leves, velozes e sorrateiros, eles são enviados pelo Destino e vem para nos levarem aonde realmente desejamos ir. Segundo a lenda, cada pessoa só verá passar três deles e, dado que uma vez em movimento eles nunca podem ser parados, para conseguir embarcar precisamos estar preparados para saltar quando os avistarmos. Muito embora eu não acredite na lenda, talvez não haja no mundo mágica mais verdadeira.
O domingo extremamente frio da última semana veio acompanhado de um adeus. Não foi o adeus de alguém que eu tenha conhecido, nem de alguém por quem eu nutria algum sentimento ou admiração, foi o adeus de um estranho. Mesmo assim, a tristeza ao meu redor trouxe à tona memórias saudosas daqueles amados que partiram. Enquanto as nuvens cinzentas e a chuva fina esfriavam mais o dia do lado de fora, a melancolia fazia gelar o coração: apesar de tudo, temos que continuar. Desapego é o nome do primeiro barquinho.
Desapego é feito de gelo, o mesmo gelo da neve das montanhas do inverno. É frio e melancólico, mas pode tornar qualquer cenário absolutamente fantástico. É um barco muito pequeno, por isso para poder saltar dentro dele precisamos abandonar todas as cargas inúteis que tenhamos acumulado pela jornada. O gelo é efêmero, portanto Desapego não pode nos levar muito longe. Seu destino final serão os domínios da Solidão e é lá que podemos nos reencontrar com nós mesmos antes de seguir viagem.
A mudança nunca é fácil, seja lá para quem for. É impressionante como a gente muitas vezes se prende a situações desagradáveis e dolorosas só por não ter coragem de mudar. Pessoas muito queridas têm tomado decisões difíceis nos últimos tempos e o mundo precisa de pessoas assim. É muito mais fácil ter o conformismo com um mundo longe do ideal do que sustentar o ideal para mudá-lo. Com um passo de cada vez se vai longe, como tenho me esforçado para lembrar sempre. Primeiro arrumar o quarto, depois aprender a dançar e por fim, mudar o mundo. O segundo barquinho chama-se Ousadia.
Muitas vezes os homens verão com assombro a passagem do segundo barco, pois a intensidade do brilho do fogo do qual ele é feito será fascinante e ao mesmo tempo aterradora. O calor habita nessa embarcação e ela traz todo o conforto assim como as areias brancas das mais belas praias. Haverá nele a força tanto para destruir como para moldar os mais diversos obstáculos do caminho tornando o percurso à frente mais suave. Não há leme que o conduza se o próprio barco e seu comandante não se tornarem um só e isso torna cada uma de suas viagens uma aventura perigosa. Somente o ardor de Ousadia conduzirá pelos domínios da Ação e fará da busca pela felicidade um encontro real.
O terceiro barquinho é o mais misterioso de todos. Ele não pode ser visto nem ouvido, apenas sentido. Talvez seja esse o motivo de praticamente ninguém conseguir saltar sobre ele quando está de passagem: a maior parte das pessoas só tem olhos pra ver e ouvidos pra ouvir. Esse barquinho não tem nome porque até hoje nem sábio nem poeta puderam encontrar palavra suficientemente adequada para descrevê-lo. Dentre os três, ainda quem sem imagem, é o mais belo e ainda que sem forma, é o mais acolhedor. Cada uma de suas viagens é diferente, pois cada pessoa é diferente em suas jornadas. Ele pode chegar a qualquer domínio, mas há uma condição: somente será seu ocupante aquele que conhecer os domínios da Solidão e da Ação tendo embarcado no Desapego e no Ousadia. Certamente que essa pode ser a viagem mais interessante de todas.
Ainda assim, como disse no começo, não acredito na lenda. Não pelo absurdo de um barco de gelo, outro de fogo e um terceiro barco completamente etéreo. Nem é pelos domínios míticos através dos quais eles navegam que eu não acredito. Eu não acredito na lenda simplesmente porque, outro dia mesmo, tendo perdido todos os outros três, peguei um quarto barquinho. Qual a credibilidade de uma lenda se eles nem sabem ao certo quantos barquinhos são?

Max

sábado, 7 de julho de 2012

O Sorriso da Liberdade

Encontrava-me entre lobos ferozes,
Vagava pela vida como cego.
Acorrentado ao som daquelas vozes,
Entregava-me inteiramente ao ego.

Não conhecia luz nem liberdade,
Mas dos grilhões o destino era a espada,
Pois cavaleiros servos da Verdade
Livraram-me em jornada inusitada

Então, tal como o Sol, tal como a Lua,
Sincero, irresistível, poderoso,
Curou-me teu sorriso milagroso.

Alcançou-me a Verdade bela e nua,
E os dias plenitude me trarão,
Pois vivo a cada instante essa paixão.

domingo, 1 de julho de 2012

Procura-se residência


Liguei a televisão ainda há pouco e vi alguns minutos de um filme que já estava pela metade. Não gosto muito de ver filmes pela metade, por isso deixei pra assistir em outra oportunidade. Filme famoso, no entanto nunca tive curiosidade suficiente para correr atrás até agora. Nos cinco minutos em que a TV permaneceu ligada, um curto diálogo me chamou atenção: uma mulher tibetana e um alpinista europeu compararam o conceito de grandiosidade para seus povos. Para ele, a glória consiste em estar no topo, acima de todos os homens, custe o que custar. Para ela, a glória, o ápice, é o abandono do ego.
Na vida cotidiana eu mesmo venho tendo dificuldade para seguir meu próprio conselho: um passo de cada vez. É muito difícil não ficar tentado a prestar mais atenção ao topo da escada do que ao próximo degrau. A consequência é óbvia até mesmo para uma criança aprendendo a subir escadas: corremos o risco de tropeçar ainda muito longe de onde queríamos chegar. Pular degraus? Bom, acho que essa é uma aventura que já custou belos machucados para todos quando crianças... Pra quê tanta pressa? A maioria não percebe que, enquanto passa correndo pela vida, deixa passar, incógnitos, verdadeiros mestres aos quais bastaria um pouco de cortesia para que nos deixassem conhecer os segredos da existência.
Tenho procurado, incessantemente, o meu canto, o meu lugar. Ainda não sei onde é, mas sei que não é onde estou. Preciso de um lugar com uma bela vista do mundo ao meu redor, como aquela que um sábio pode te mostrar da laje de algum prédio. Faço questão que seja silencioso o suficiente para que eu consiga ouvir meus pensamentos e meu coração. Não precisa ser grande porque se a gente prima pela leveza, não vai mesmo carregar muita coisa do passado além daquilo que é útil e essencial no presente.
Aconchegante, receptivo, acolhedor. Três características importantes de um lugar que eu desejo compartilhar com alguém. Seja para um filme com pipoca, uma pausa no meio da tarde, um jantar romântico ou um chá surpreendentemente filosófico e revelador. Meu canto é onde eu me sinto bem e, por isso mesmo, é um lugar no qual meus convidados se sentem bem. A decoração é minimalista porque não é preciso ter muito, desde que se tenha o suficiente para compartilhar.
Uma vizinhança, pouco importa se grande ou pequena, mas uma que saiba sorrir com sinceridade. Não custa lembrar que vizinhança nenhuma tem qualquer obrigação para comigo, então é importante ter sempre em mente que não posso esperar nada dos vizinhos além do que a gentileza deles esteja disposta a ofertar. Bons vizinhos, na maior parte das vezes, são bons vizinhos simplesmente porque nós mesmos estivemos dispostos a confiar neles.
Pode parecer uma morada muito utópica, mas acho que é essa vida que eu quero chamar de lar, onde quer que eu esteja. Um último ponto importante: a vista pro mar não é essencial, mas é altamente desejável.
Corretores de imóveis não precisam entrar em contato. Grato,
Max

terça-feira, 26 de junho de 2012

De algum lugar na minha mente

Quando acordarem, perceberão que a verdadeira glória nunca esteve na acumulação ou na idolatria e se darão conta que estiveram, por muito o tempo, somente vagando, encurvados pelo peso da própria cegueira. Cairão por terra suas máscaras e sentirão asco de seus próprios rostos, abomináveis que estão depois que suas ações os deformaram.

Folheando diários e grimórios antigos não encontrarão em seus dias mais valor que nas areias que recobriram a Verdade com um deserto estéril. O vasto conhecimento de suas bibliotecas, inútil, terá sido consumido pelas traças de sua superficialidade. Como pó, ruirão as colunas de seus palácios, que foram construídos sobre alicerces de mentiras.

Chegará a devastação de um inverno solitariamente frio e, em vão, farão fogueiras de paixões para tentar aquecer seus corações feito pedras ocas. E não haverá mais amanhecer, pois as horas já não importarão já que nunca souberam o valor do Tempo.

Quiçá virá um tempo em que perceberão o que perderam pelo caminho, mas apenas os de espíritos ousados terão coragem de olhar para trás e atravessar o mar de lágrimas que os separa da esperança. A solidão lhes fará companhia pela jornada e muitos desistirão. A sede de Liberdade e a fome de Felicidade matarão os tomados pelos vícios e darão àqueles mais fortes a dor necessária para prosseguir.

Se a tudo isso resistirem, depois da treva mais escura de todas, terão sido provados e verão com os olhos de verdade a plenitude da Luz da Realização e ela lhes recompensará com a única paga realmente valorosa: Verdadeiro Amor.

domingo, 13 de maio de 2012

Eu convicto


Ontem, na volta do cinema, o ônibus demorou uma hora pra passar. Comigo nunca havia acontecido nesse trajeto. Quando cheguei no ponto tinha uma moça, muito atraente, claramente nervosa pela demora do seu ônibus. Fumava. Na vida agitada, é tão raro termos tempo pra parar um pouco e pensar sozinhos que procuro encarar a espera como uma oportunidades para olhar em volta e analisar o mundo que me cerca. Mesmo reconhecendo que as pessoas tem razão em dizer que eu penso demais, prefiro assim: acho que se eu pensar bastante vou enxergar mais as sutilezas das diferentes tonalidades do mundo. Sério, fixei o olhar na loira fumante.
A última semana só poderia ser classificada como intensa. Boas notícias, surpresas, recompensas e decepções. Diversas vezes quis relatar o que estava sentindo, mas, felizmente, não consegui. Como disse um grande amigo, palavras de grande emoção precisam ser ditas com grande razão. O filme de ontem falava um pouco da busca por respostas, do eterno questionamento humano “Quem sou eu?”. Hoje, depois dessa semana tão cheia de tons, percebi que eu estava sendo pedante, percebi que, assim como em todos os filmes com esse tema, eu não podia estar tão certo do que sou, do que sinto e ainda mais do que poderia sentir ou ser.
Enquanto esperava o ônibus me surpreendi com a mudança na minha própria visão. Pouquíssimo tempo atrás, aquele era um dos meus lugares favoritos, um dos lugares que eu mais admirava, que eu mais achava bonito. Ontem, apesar das pessoas, das luzes e de todas as lembranças fantásticas dos momentos que eu vivi ali, percebi que já não é mais o meu lugar. Sorri. Talvez a linda mulher tenha pensado que eu sorria para ela. Mandou-me um olhar enigmático e um sorriso misterioso. Acendeu seu quarto cigarro. Lembrei que eu dizia que não conseguiria viver longe dali. Ri. A gente fala tanta coisa do futuro com uma certeza que parece até discurso de louco. Nunca imaginei minha vida assim, no entanto, aqui estou eu, realizado. Ela deve ter pensado que eu era louco. Sorri de novo, mas dessa vez, só porque estava feliz.
É necessária muita sobriedade pra não afirmar algo baseado na convicção que temos daquilo que julgamos conhecer. Ficar me perguntando quanto tempo mais meu ônibus demoraria não faria com que ele chegasse mais rápido. Acender um cigarro atrás do outro também não. Ainda assim, a gente continua se fazendo perguntas desnecessárias e tomando atitudes sem sentido. Se não consigo prever nem os horários tabelados de passagem dos ônibus, como é que quero prever os passos do meu próprio eu? Por sinal, mesmo com a infinidade de linhas que atende aquele ponto, acabamos pegando o mesmo ônibus, mas, sem trocar palavras, ela com sua ansiedade e eu com meus pensamentos, descemos em paradas diferentes...

Max

domingo, 6 de maio de 2012

“... e de volta outra vez.” *


Parece que foi ontem que escrevi minha primeira carta. Foi escrita numa folha de monobloco amarelada, dada pela minha “avó de coração”, por sinal, ela mesma era a destinatária da carta. Eu devia ter uns dez anos de idade, no máximo. A carta falava de amor, o amor puro e simplório de uma criança pelo mundinho à sua volta. Lembro que, ao receber a carta, ela disse que meus “escritos” eram muito bonitos e me deu o velho monobloco inteiro, para que eu continuasse a escrever. De certa forma, aquelas folhas amareladas foram meu primeiro “caderninho”... Parece que foi ontem, mas muitos anos já se passaram desde então. Muitos se foram, muitos vieram, muito mudou e eu, no entanto, continuo escrevendo.
A gente cresce e aprende tanta coisa que acaba esquecendo como eram simples as coisas quando éramos crianças. Aprendemos milhares de novas palavras, porém, banalizamos tanto os seus significados até a maioria delas se tornar um conjunto de fórmulas vazias. Alguns aprendem a desenhar e, justamente por isso, cortam as asas da própria imaginação, outros aprendem a fazer cálculos e passam a quantificar coisas incontáveis. As coisas eram bem mais legais quando éramos crianças, quando desenhar um inseto com giz de cera e dizer que era um monstro-horrível-de-sete-cabeças era completamente lógico, quando amor era simplesmente amor e não tinha explicação, nem tamanho, nem preço.
Esses dias eu estava por aí, pelo mundo, em uma das minhas aventuras. Quem estava comigo deve ter percebido como eu fiquei abobalhado com coisas pequenas, mas todo mundo também deve ter notado que essas coisas pequenas, pra mim, tinham mais valor que qualquer coisa naquele momento. Uma garotinha ordenava ao avião que decolasse e aplaudia feliz conforme ele obedecia, em outro lugar, enquanto o avião decolava, um garotinho gritava “Isso é adrenalina pura!” e ao mesmo tempo levantava os braços como numa montanha russa. Pouco importa se o avião não pode ouvir nossas ordens ou se a adrenalina é um hormônio secretado pelas glândulas supra-renais, o importante mesmo é que, no mundo das crianças, tudo pode ser como se deseja e, se não for, pode-se passar por cima de tudo para fingir que é.
Fazemos sacrifícios pra tentar nos concentrar nas obrigações, sem perceber que são as obrigações que estão nos distraindo da vida. Passamos a correr em meio à multidão sem nos perguntarmos onde é mesmo que queríamos chegar. É assim que perdemos os olhos de ver e não notamos mais quando sorrisos irresistíveis estão nos pedindo um beijo nem enxergamos que voltar não implica regredir, mas retornar para o lugar de onde viemos quando éramos crianças. Disseram-me que a água do Rio Doce é doce quando ele encontra o mar, mas bobo que sou, não experimentei para sentir por mim mesmo. Se conseguíssemos sentir tudo de verdade, um só caranguejo já nos faria felizes, só pelo trabalho, só pelas caretas, só pela diversão.
É... não sou mais criança, prova disso é que eu escrevi um texto enorme pra dizer algo que antigamente eu diria com um sorriso, um abraço acanhado e uma palavra: Obrigado!
Max

* Trecho do livro “O Hobbit” de J. R. R. Tolkien. O livro narra a fantástica viagem de Bilbo Bolseiro, a qual mudou sua vida para sempre.

sábado, 7 de abril de 2012

A barca do céu


Estive distante, é verdade. Escolhi a estrada para poucos. Minha estrada é só para os ciganos, para os loucos, para os nômades de alma que não receiam perder aquilo que nunca possuíram. Talvez, por aí, já tenham se esquecido de mim, talvez aqueles amigos já não me reconheçam mais ou, surpresos demais com meus movimentos, prefiram fingir que não me conhecem. Prefiro assim. Aguardei esse tempo por toda a minha vida, agora que estou aqui, já não tenho mais paciência com os que não conhecem o preço da liberdade. Essa independência me foi tão custosa que não posso mais aceitar as lamentações daqueles de sofrimentos auto infringidos, aqueles que vivem, por sua livre escolha, nas masmorras do sono sem sonhos. Prefiro mais, preciso de mais: se a vida tem de ser em preto e branco, meus sonhos vão ser em cores.
Acabo de lembrar de ter escrito algo sobre a vista de um caminho para o topo de um monte, que eu via da janela do meu quarto. Olhando agora, já não vejo mais o caminho: estão construindo um prédio que bloqueia a vista. A montanha continua lá, atrás da névoa de poluição da cidade. Eu me pergunto: no futuro, quando o próximo garoto que morar aqui olhar por essa janela, será que ele vai pensar sobre como chegar ao topo da montanha? Ou será que ele vai considerar a missão absurda já que não consegue antever o caminho? Percebi que a preguiça é consequência do comodismo da vida em duas cores. Se não conseguirmos ver além do preto ou do branco, não há mesmo motivo para grandes empreitadas.
Já não lembrava como é bom sentir que os esforços são realmente recompensados, já não tinha vontade de lutar porque já não acreditava mais na possibilidade de vitória. De fato, tenho aprendido que há ainda mais esperanças nos revezes da vida do que aquelas que encontramos nas sucessões de alegrias. Em nenhum momento disseram que seria fácil, mas se não disseram que seria impossível, então já existe razão mais que suficiente para tentar. Quem consegue enxergar isso, garanto, já está bem além da dormência que domina o mundo. No mar dos devaneios, o maior problema dos capitães dos sonhos são as pessoas vazias de perspectivas que se colocam como rochedos, bancos de areia ou obstáculos às embarcações. Não obstante, se meu navio não conseguir prosseguir por sobre as águas, então eu lhe farei asas para que paire por sobre as nuvens, mais alto que os limites do horizonte. Ali sim, com o nascente às minhas costas, em direção ao ocaso da vida, eu posso admirar as maravilhas de todo o vasto mundo.
É assim que vou seguindo, enfrentando demônios ocultos nos despachos das encruzilhadas da vida. Se eles me sorriem, percebo que os reconheço, pois fui eu quem, há muito, os criou e alimentou com dúvidas e desassossegos. Então, como a velhos amigos, os saúdo com um aceno cordial e sigo em frente, sem me preocupar demais com as formas abomináveis que acabo de deixar pra trás: medo mesmo, eu tenho é do sono mudo e vazio...
Vou lá, sonhar acordado. Bons sonhos pra você! Até breve,

Max

domingo, 22 de janeiro de 2012

O que eu aprendi jogando Paciência Spider


Quando começamos, pra aprender as regras, jogamos no nível fácil, com cartas de um naipe só: nossa família. Tudo parece muito simples e lógico porque as cartas, por mais que apareçam muitas vezes e acabem compondo grupos diferentes, são sempre as mesmas. Um dos maiores problemas que podemos enfrentar é fazer movimentos desnecessários no nível em que estamos jogando em situações em que as cartas da mesa já estão acabando, pois podemos ficar com a mão vazia e um jogo perdido (como quando tentamos subir na cadeira pra pegar aquela coisa brilhante no alto da prateleira sem a supervisão de um adulto, é claro).
Essa fase sem dúvida vai significar muito, vamos ter a impressão de que aprendemos tudo o que precisamos saber para enfrentar o próximo nível. O letreiro de dizendo “Você venceu!” vai aparecer bem rápido e é bem provável que, mesmo cheios de orgulho, não possamos compreender como aquilo pode ser banal para as pessoas a nossa volta. A pontuação final, claro, vai ser alta, afinal, com cartas de um único naipe, você nunca vai conseguir fazer jogadas que tirem pontos: elas serão proibidas. O curioso é que quando estivermos travados em algum jogo em qualquer nível adiante desse, certamente ao menos uma vez nos pegaremos pensando “Puxa... devia ter aproveitado melhor aquela fase, tudo era tão mais fácil!”.
Bem, depois de algum tempo no fácil vamos cansar dessa coisa tão repetitiva e vamos querer algum tipo novo de diversão. Passar para o nível intermediário e acrescentar um novo naipe vai ser bem interessante. O novo naipe vai se chamar “escola”. Alguns vão chorar na porta, nas primeiras vezes, e vão querer voltar para o nível fácil, mas mesmo assim vão insistir para que a gente fique jogando por ali e para isso vão até apelar para o nosso orgulho com o clássico “Você já está grandinho pra isso!”.
Na escola, com o novo naipe, aparecem mais cartas, de uma cor diferente daquela com a qual estávamos acostumados a jogar e, surpresos, vamos perceber que no mundo fora de casa há bem mais jogadas impossíveis além de uma infinidade de combinações. Mesmo assim, uma das regras mais básicas permanece: há uma ordem certa para as coisas e a hierarquia continua valendo na vida de tal forma que você não pode querer colocar o quatro embaixo do dois ou o valete em cima do rei, afinal, o quarto ano nunca vai querer se misturar com o segundo e a diretora sempre vai ser mais poderosa que a professora.
Conforme os jogos passarem e nós vencermos, mesmo que cheguemos num beco sem saída e tenhamos de começar aquele jogo de novo, será um dos tempos mais fabulosos de nossas vidas. Obviamente, durante todo o tempo, não nos daremos conta de quão maravilhoso é aquele jogo tão diverso e cheio de possibilidades e todo período letivo, lá pelo meio, vamos querer que aquilo termine logo, porque mesmo aqueles alunos dedicados ficam ansiosos pelas férias.
Nesse nível vamos querer que apareçam sempre as mesmas cartas. É bem estranho que, enquanto jogamos, tomemos afinidade por algumas cartas e repulsa por outras, mesmo sabendo que teremos que jogar com todas elas e, no fim, todas elas irão para o mesmo pacote. Depois de alguns jogos bem ou mal sucedidos vamos acabar acreditando que certa carta é a mais necessária do mundo e vamos torcer para conseguir alcançá-la, esteja ela escondida ou fora de nosso alcance por estar rodeada de outras cartas. Apaixonados. Não tem jeito, isso vai ser inevitável assim como a dor da desilusão já que é bem provável que não consigamos alcançar a tão almejada carta nas primeiras tentativas.
Cada um vai lidar com essa fase de um jeito diferente, mas todos, sem exceção vão criar teorias sobre como é melhor e mais fácil vencer. Quando já estivermos bem avançados no intermediário é pouco provável que admitamos que talvez nosso jeito de jogar não seja o melhor. Creio que isso seja o que os psicólogos chamam de “identidade própria”. Vamos nos achar os donos do mundo e certos de que nossa técnica vai nos fazer vencer qualquer jogo, partiremos novamente, dessa vez para o nível difícil, empolgados, certamente, mas não sem carregar remorsos pelo nível que deixamos ou medos pelo não conhecemos do futuro.
“Lá fora” o mundo é diferente, alguns costumam nos dizer. Eles tem razão. Aqui fora aparecem finalmente todos os naipes, combinações absolutamente incontáveis e logo de cara aprendemos que novos métodos precisam ser aprendidos. Vamos sentir saudades da facilidade dos outros níveis e vamos rir de como achávamos que não havia nada mais difícil na vida que equações polinomiais ou citologia.
Jogando paciência spider eu aprendi que sempre vai ter uma oportunidade maravilhosa que você vai deixar passar seja por não enxergar, por não ter humildade para voltar atrás ou por termos a ilusão de que vai dar pra consertar tudo logo mais.
Percebi que a carta mais almejada não é aquela que vai te fazer feliz naquele instante. Em geral, nossa “carta-metade” vai ficar relegada ao esquecimento até que percebamos como fomos estúpidos por deixá-la empilhada sob tantas outras cartas inúteis. Outra coisa importante é que a carta perfeita não existe: nenhuma carta vai fechar o jogo sozinha, você ainda vai precisar fazer inúmeros outros movimentos para vencer.
Não importa quantos jogos joguemos, vamos perceber que não existe uma técnica geral para os jogos, cada batalha é única. Concluí, depois de muitos jogos, que a sorte é relativa, ela pode ajudar agora e não servir pra nada daqui a cinco minutos, por isso, previna-se: faça sua própria sorte e deixe o mínimo nas mãos do acaso.
Uma dica importantíssima é fazer o máximo de movimentos no começo, mesmo que eles pareçam não levar a lugar nenhum e só deixar as coisas mais emaranhadas, lembre-se que no início todas as jogadas podem ser desfeitas e é nesse momento em que, geralmente, percebemos quais são as chances reais de as coisas darem certo ou não.
Quando vencer um jogo, comemore, afinal, não vão ser todos que você vai conseguir vencer e depois de muitas tentativas frustradas, não há nada como reviver aquela sensação infância mesmo que ninguém mais te diga "Parabéns! Você venceu". Aliás, atente para isso: suas vitórias e derrotas pertencem unicamente a você, portanto não fique se gabando demais ou punindo os outros pelas suas escolhas, tenha sempre em mente que por mais importante que pareça, "é só um jogo".
Vamos desistir de muitos jogos e é pouco provável que cheguemos a uma solução na primeira tentativa. Repetir, muito, essa é a ordem. Às vezes repetir as jogadas pode parecer inútil, mas pode ser essa repetição que vai nos surpreender e desembaraçar nosso jogo. Caso você fique sem movimentos, tente desfazer, mas se isso não for mais possível, você sempre tem duas opções: recomeçar esse mesmo jogo ou passar para o próximo. Não se iluda, nenhum dos caminhos é mais digno que o outro, a beleza da vida está em saber qual a hora de passar adiante ou tentar de novo.

Não vou mentir, parar de jogar também é uma opção, mas, sinceramente, por mais bobo que pareça, por mais difíceis que os jogos estejam saindo e por mais que eu acabe passando sempre pro próximo tentando achar um mais fácil, acho que ainda prefiro jogar todos os meus jogos até que seja hora de desligar. Você não?