sexta-feira, 22 de maio de 2009

Às horas de telefone

Quiçá você se lembre, acho que sim, de quando eu soube, sem ninguém me dizer, que você estava apaixonada por um menino, há dez anos atrás. Claro que não era o “amor da sua vida”, ainda mais com seus 12 anos de idade, mas foi por causa dele que todos os dias nós passamos a nos ligar, precisamente às nove horas da manhã, durante as férias de verão daquele ano. As férias terminaram, mas não os telefonemas. Como era maravilhoso passar uma hora (umas vezes mais, outras menos – na maior parte das vezes mais...) falando sobre a vida, sobre o rumo das coisas, sobre o que esperávamos do futuro...

Posso escrever centenas de cartas, mas as palavras nunca seriam suficientes. Se um olhar vale mais que mil palavras, nossos olhares trocados por todo esse tempo, já acumularam quantidades infinitas (e também, na verdade até principalmente, aqueles olhares trocados de longe, só pelo coração). Pelas vezes em que você chorou de tristeza e eu estava lá pra te consolar, pelas vezes em que você chorou de tanto rir e eu estava lá pra rir junto, pelos momentos ímpares, bons e nem tão bons, por tudo isso eu te agradeço do fundo do coração. Agradeço-lhe pela parte de você que está em mim e que contribui, tão essencialmente, pra que eu seja quem sou.

O futuro chegou. A gente cresceu. De tantos planos e previsões, ao menos uma acertamos: nunca abandonamos um ao outro. Eu me tornei este misto complicado de alquimista, cientista e filósofo, um cara difícil de descrever, mas essa carta não fala desse homem, fala de você, esta mulher incrivelmente linda e sensível. Todos que lhe conhecem sabem, não há no mundo outra pessoa que consiga emanar essa sua alegria, um sentimento único, quase mágico, uma coisa que contagia todos a sua volta.

Não sei como, mas a garota que já era forte conseguiu juntar mais e mais forças, de tal modo que seus piores medos se tornam cada vez menores diante da sua coragem. Podemos ter seguido caminhos bem diferentes no mundo físico, porém, continuamos ainda compartilhando ideais e lutando para colocá-los em prática. Queria que o mundo todo pudesse te ver sambando e sentisse sua paixão por um segundo, um mínimo instante, um único momento, então talvez sua alegria infinita tomasse conta de seus corações e eles passassem a viver em paz.

Minha amada amiga, tenha um feliz aniversário! Só posso agradecer a Deus por ter cruzado uma vez nossos caminhos. Espero que não só nesse dia, mas em todos “até que morram o Sol e a Lua”, a vida possa lhe sorrir como você sorri para ela. Te amo!

Seu amigo,

Max

sábado, 16 de maio de 2009

Salto na penumbra

Bom dia! E então, como vai você? Está melhor com tudo o que tem acontecido? Bom, eu espero que esteja. Se tiver qualquer coisa te incomodando, algo que queira desabafar, por favor, não hesite em me dizer. Posso não saber muita coisa sobre falar, mas algumas pessoas acham que eu sei ouvir bem, então tenta, quem sabe você não esteja só precisando conversar!

Eu sei bem que a vida tem soado incerta e os problemas estão parecendo bem maiores, mas, como nós físicos costumamos dizer, é tudo uma questão de referencial. Não adianta comparar o que você está vivendo com o que o fulano está passando. Cada um segue um caminho porque cada caminho só serve pra uma pessoa.

Esse é um ponto sobre o qual eu gostaria de me aprofundar com você. Imagino que você esteja muito em dúvida nesse momento, pensando bastante que tudo aconteceu muito depressa e que agora só o que você tem é uma incurável dor de cabeça. Só que as coisas não são bem assim. Se é que foi tudo tão rápido assim (o que eu não acredito que tenha sido), sempre sobra muita coisa, sempre sobram escolhas e, curiosamente, a quantidade exata de força que você precisa pra prosseguir.

Se o passo adiante está de dando medo, bom, eu acho, sinceramente, que isso é um ótimo sinal. É sinal de que você ainda tem discernimento suficiente pra ponderar sobre esse passo. Perigoso é se deixar levar por esse medo e daí entrar em pânico sem saber o que fazer. O medo só está lá como uma defesa, uma barreira a ser facilmente transposta. No silêncio da sua razão, no fundo, você sempre soube o que fazer.

Não quero que você crie expectativas vãs. Ouça a voz da sua Vontade, não a voz da Vontade dos outros. Nessa hora, o que menos importa é o que querem os outros. Eu acho mesmo é que você tem de pensar em você, não com egoísmo, mas com inteligência. Melhor poder fazer algo pra ajudar alguém estando bem consigo mesmo do que decepcionar-se demais de tanto tentar poupar os outros. Ninguém ganha nada quando você foge de si porque parece que precisam que seja assim. As pessoas precisam de sinceridade, não só, claro, mas essencialmente disso.

De verdade? Você não sabe mesmo muita coisa sobre os desafios à frente. Uma boa visão pode te ajudar a vislumbrar algumas coisas, mas a sua reação é o que mais conta. Pode ser mesmo bem pior e você pode sofrer, mas também pode ser muito melhor do que você espera e em qualquer dos casos, é certo que há uma recompensa: a própria vivência.

Lembra que eu estou aqui, aconteça o que acontecer! Se faltar coragem, avisa que eu te empurro de lá de cima se você decidir mesmo que quer pular! Você vai ver como é bom quando a gente se lança a esse desconhecido, é a liberdade de voar, um frio na barriga, a adrenalina sobe... o esporte mais radical é mesmo a vida.

Depois me conta como você está se saindo! Saudades!

Max

domingo, 10 de maio de 2009

Para ela,

Hoje em especial, peço licença para deixar a modéstia de lado, mas juro que é por uma ótima causa, afinal, você quem em ensinou que humildade é uma virtude muito importante. Você é uma das poucas pessoas que, felizmente, está comigo desde sempre, sempre mesmo. Costumo dizer que todos passam, mas todos deixam parte de sua essência marcada em nossas Almas. Acho que por isso é que sou assim, por ter tanto de você em mim mesmo.

Certamente você se recorda de coisas que eu mesmo não tenho a capacidade de lembrar, mas também há coisas que podem ter lhe parecido tão singelas, mas que eu nunca poderei esquecer, as pequenas coisas que me tornaram esse Max, tão simplesmente amado como sou.

Ver a felicidade das pessoas sempre me agradou e continuo buscando algo que me faça tão feliz quanto compartilhar bons momentos com os outros. Acho que uma das vezes em que fiquei mais feliz, foi com um bolo de aniversário, ele tinha uma cobertura de glacê e “bolinhas coloridas” em cima. Para mim quilo foi tão fantástico que passei a desejar que todos pudessem ter momentos tão mágicos como aquele.

Com o passar do tempo muitos mais conheceram o garotinho pequeno e tímido e nunca faltaram elogios para o aluno mais comportado, o menino mais educado e uma criança tão inteligente. Sempre achei que não merecia todos esses adjetivos, mas existe um que tenho muito orgulho de ter: “O Bom menino”.

Daí então comecei a aprender segredos antigos e ouvi repetidas as suas palavras em cada um deles. Por mais desconhecidos que possam ser os caminhos que trilho, nunca deixaria de trilhas as estradas de honra e virtude que você me ensinou. Queria poder repetir aquela Cerimônia todos os dias, para sempre, queria poder plantar um jardim de rosas vermelhas e todos os dias te entregar a mais bonita, para provar o que sinto, para mostrar que tudo o que me deram ali, foi graças ao que aprendi com você.

Dediquei-me a ideais que podem não ser exatamente os seus, mas, em essência, o que conta é o empenho e isso é uma das maiores coisas que aprendi com você. Ajudar aos outros sempre me fez feliz e seu exemplo é, inegavelmente, um dos maiores a se seguir. A dedicação com que vive a sua vida, a capacidade de se doar completamente aos outros, isso eu sempre vou tentar imitar para que continue sempre me alegrando tanto quanto você e um dia, no futuro, possa sorrir vendo o sorriso nos rostos de uma família tão linda como a sua.

Estranhos, conhecidos, amigos, amigos-irmãos, irmãos e irmãos amigos. De todos esses eu já ouvi coisas maravilhosas sobre mim. Amigos amados já me disseram que sou seu maior confidente. Como poderia não sê-lo se a vida toda tive uma confidente como você? Grandes homens dentre os maiores deles já me disseram que meu destino está muito acima do sucesso. Se isso um dia chegar a acontecer, só terá sido possível porque antes mesmo de eu vir ao mundo, você já o desejava de todo o coração.

Nos momentos difíceis, tempestuosos e desesperadores, lá estava você, sempre forte, inabalável e ao mesmo tempo inegavelmente sensível. Sempre me perguntei como era possível tanta força e tanto amor, unidos num único ser. Digno de tentar ser imitado, esse poder é passado misteriosamente, como uma herança sagrada, um legado que não pode se perder. Graças aos atos de carinho e superação da própria dor, às palavras de amor ditas, todas com sabedoria e discernimento, às vezes somente olhares tenros trocados, graças a tudo isso você me ensinou esse seu dom, quiçá almejando que todo o mundo pudesse se beneficiar dele.

Então, acima de qualquer honraria ou prêmio, fui chamado irmão pelos mais amados amigos e esses mesmos me vêem tão diferente e tão único quanto você é para mim. Aprendi a ouvir em seus olhos como você vê nos meus, aprendi a ver em suas palavras como você vê nas minhas, e estive sempre ao lado deles quando mais precisam de mim, assim como você. A distância não importa, não há distância para tão grande sentimento. A magia que você me ensinou ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço e só quem pode me ouvir falar, ao longe, entende o quero dizer.

E mesmo quando chegar o fim de todas as coisas, mesmo quando esse mundo passar e todos os segredos do Universo forem revelados, mesmo lá não haverá ninguém que possa fazer jus ao amor verdadeiro, aquele que significa abdicar de si mesmo e doar-se aos outros por inteiro. Esse amor que você tem por mim, mãe.

Simplesmente de mim,

Seu filho.

Essa carta se destina a todas as mães que eu conheço, mas em especial à minha “avó”, às minhas tias, às queridas mães daqueles meus Irmãos’’ , às mães dos meus amados amigos e, claro, à minha mãe. Não é por hoje, hoje não tem mais importância do que qualquer outro dia do ano, portanto, peço a vocês, filhos, que não esperem por esse dia, façam tudo, sempre, como se fosse a única vez.

domingo, 3 de maio de 2009

Próxima parada: ...

Olá! Quanto tempo que eu não te escrevo não é? Estou realmente com saudades, mas apesar de já ter começado inúmeras vezes a lhe escrever, não consigo nunca passar de um “alô!”. Nos últimos dias andei percebendo coisas e talvez tenha até entendido algumas delas. Espero te encontrar logo, mas por enquanto queria ir contando as coisas curiosas que desencadearam as minhas recentes idéias confusas.

Esses últimos tempos eu tenho me questionado bastante sobre objetivos. Temos mesmo um objetivo, mesmo que inconsciente, em tudo aquilo que fazemos? Precisamos mesmo desses objetivos pra seguir com nossas vidas? Já me disseram que fazemos tudo buscando algo, que podemos não pensar, mas nossos instintos guiam nossos atos a objetivos premeditados. Não consigo acreditar nisso. Você pode não concordar e até me achar tolo ou demasiado inocente, mas eu prefiro crer que muitas vezes agimos como agimos simplesmente porque decidimos, sem pensar, sem planejar, sem sermos tão maquiavélicos quanto dizem por aí.

Apesar de tudo estar sempre mudando nessa minha vida e de eu sempre me surpreender com os efeitos das mudanças, percebi que não foi assim com algumas finalizações. No último ano muita coisa terminou e nada me abalou, de fato. Provavelmente tenha sido assim porque já sabia quando e de que forma se dariam esses términos. Foi tudo muito tranquilo, tranquilo demais...

Ainda que independentes e ainda que eu não tenha sentido muito o impacto deles, esses rompimentos todos com coisas que faziam parte da minha vida tiveram uma grande consequencia e só agora fui entender porque é que andava tão perdido. Com todos me dizendo que é obrigatório ter um objetivo, sempre almejei chegar em certos pontos determinados em várias coisas. O grande problema surgiu quando cheguei a esses pontos. O que fazer agora que os meus “objetivos” haviam sido alcançados?

Depois de fatos marcantes, algumas pessoas costumam dizer com animação “... e agora que fiz isso posso me dizer uma pessoa realizada!” (vai me dizer que você nunca viu ninguém dizer isso). Alguns desses objetivos pessoais são muito grandes e estão nos planos das pessoas em longuíssimo prazo. Será que eles passam anos, quem sabe até uma vida toda, não realizados? Será que a vida de alguns é uma total insatisfação? Isso chega a me soar engraçado!

Não vou te falar de novo sobre meu “conceito” de felicidade, é algo muito complexo pra ficar explicando, menos ainda quero iniciar uma discussão religiosa sobre a finalidade da vida, só o que eu estou tentando te dizer é que pra mim não tem cabimento viver pra um fato, viver pra um objetivo, viver pra um único instante em meio a tantos e tantos momentos magníficos.

Comecei a sentir saudades de tudo o que findou no último ano e essa saudade me serviu para lembrar uma coisa: que apesar de ter admirado o fim, não foi exatamente dele que gostei, mas de tudo o que aconteceu até chegar ali. Isso sim, me faz bem mais sentido. Tenho ainda muitos outros pensamentos e coisas que tenho sentido pra contar, mas já escrevi bastante, fica pra uma outra vez! Espero notícias suas!

Até logo!

Max, só Max