terça-feira, 30 de novembro de 2010
O girar da chave
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
O fio da vida
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Flor do deserto
terça-feira, 16 de novembro de 2010
A dúvida no compasso de espera
domingo, 14 de novembro de 2010
O fim de todos os medos
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Apegado demais à carne iluminada
Hoje de manhã, enquanto caminhava para a faculdade, o sol ainda não estava tão alto e, provavelmente devido à chuva da última madrugada, a temperatura ainda estava agradável e uma brisa leve soprava. Por mais ou menos quatro ou cinco quadras havia inúmeros pássaros diferentes voando de galho em galho, cavando no chão para procurar comida, catando galhos pra fazer seus ninhos, cantandando diferentes sons. Olhava ao redor e via, nas árvores, as flores do meio da primavera. Algumas poucas pessoas andavam pelas ruas, talvez sem se darem conta do milagre do qual fazem parte, talvez sem sentirem que, a sua volta, tudo era “vida” e que todos estamos ligados a essa “vida”.
Tenho escrito muito sobre a sensação boa que tenho tido e acho que ela se deve à paz que eu alcancei, não vinda “de fora pra dentro”, mas uma paz que emana “de dentro pra fora”, transbordando nas horas mais inesperadas na forma dessa indescritível felicidade. São pequenos milagres, como os que acabo de descrever, que tem me emocionado. Tenho questionado um pouco o valor de certas coisas. Acho que muitas vezes nos apegamos demais a palavras, situações, técnicas, ritos, enfim, tantas coisas às quais acabamos por atribuir valores e que, nós mesmos, transformamos em fórmulas vazias.
Quando cheguei à faculdade, enquanto atravessava a praça no caminho para minha sala de aula, passei por um rapaz falando no celular. De fato não posso dizer que compreendi tudo o que ele dizia e, talvez, o que eu esteja prestes à relatar ouvido assim, como eu ouvi, fora de contexto, tenha um significado diferente daquele que realmente tinha. No entanto, passei o dia refletindo sobre as palavras que tenho certeza de ter ouvido com clareza: “(...) isso é só uma ajudinha (...) muitas pessoas já se iluminaram comendo carne (...)”. Imagino que o diálogo fosse algum tipo de discussão sobre a utilidade “espiritual” de não consumir carne. Confesso: minha primeira reação foi rir. Depois, quando cheguei na aula, isso acabou me soando sério e surpreendente: de que forma, com tanta beleza à sua volta, uma pessoa podia se preocupar com algo do tipo?
Tenho inúmeros amigos e até parentes vegetarianos. Entendo completamente seu ponto de vista e eu mesmo já pensei em parar de consumir carne. Não obstante, não é essa a discussão aqui! Analisando a situação, acabei por notar que também religiosos, acadêmicos, políticos, místicos e, por que não dizer, donas de casa, por vezes passam mais tempo dando atenção a coisas que, apesar de belas, importantes e muitas vezes indispensáveis, não são, efetivamente, a essência, a fonte de nossa “felicidade”.
Você pode não concordar e achar um absurdo tudo o que eu estou dizendo, mas essa é a minha opinião e é a forma como eu resolvi viver. Não pretendo lhe convencer a fazer nada nem mudar seu modo de vida, até porque, há uma grande chance de isso só se aplicar a mim e eu mesmo posso estar tremendamente enganado, porém, já que nunca vou saber a Verdade, prefiro escrever sobre os meus devaneios (como diz meu irmão) e compartilhar com você aquilo que me traz tanto prazer.
A cada dia sinto que sou mais feliz, mas os problemas continuam surgindo, sinto que tenho mais Fé, mas minha religiosidade tem diminuído, percebo que tenho enxergado cada vez mais, mas o meu grau de miopia só está aumentando, acima de tudo, tenho notado que estou cada vez menos convícto e, no entanto, humildemente, acho que estou me tornando mais sábio.
Viva la vida! Um beijo!
Max
"O essencial é invisível aos olhos"- Saint Exupéry, O Pequeno Príncipe