segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Uma canção de todas as cores

Ontem, um acontecimento relatado por um amigo me inspirou e, durante todo o dia, refleti sobre como, muitas vezes, as canções, por mais enigmáticas que sejam, nos trazem mensagens maravilhosas e nos falam diretamente ao coração. Resolvi que lhe escreveria sobre isso, contudo, com o passar das horas, percebi que, infelizmente, outro assunto tomou forma e se tornou muitíssimo mais importante: a intolerância.

Logo que acordei, me lembrei de uma pequena música que ouvia num programa de televisão infantil há muitos e muitos anos. Ouvir novamente aquela música me comoveu, certamente pela lembrança de tempos idos, mas ainda mais especialmente pela mensagem que ela carregava, tão simples e ao mesmo tempo tão importante num momento como esse:

Uma canção de todas as cores,

Vou cantar pra alegrar os nossos corações.

Uma canção de todas as cores,

Traz felicidade pra toda humanidade.

As vezes encontramos homens negros ou brancos

Que ficam azuis de medo ou vermelhos de raiva.

Porque certamente, não estão contentes

E pra consolar é preciso cantar...

Uma canção de todas as cores,

Vou cantar pra alegrar os nossos corações.

Uma canção de todas as cores,

Traz felicidade pra toda humanidade.

As vezes encontramos homens verdes de fome

Que ficam dando pulos, buscando a sorte grande.

Ela insiste em escapar, pulando daqui pra lá,

Tudo isso faz a gente rir e cantar mais...

Uma canção de todas as cores,

vou cantar pra alegrar os nossos corações.

Uma canção de todas as cores,

Traz felicidade pra toda humanidade.”

E então olho em volta e vejo que as pessoas preferem guerrear para impor seus pontos de vista do que lutar, lado a lado, para atingir objetivos em comum. Olho em volta e me desespero ao ver amigos brigando, estranhos agindo com descortesia e ofendendo-se além de inúmeras pessoas propagando palavras de ódio e rancor sem sentido.

No seu livro “O Silmarillion”, Tolkien constrói um mito para explicar a criação de seu universo fantástico. Naquele relato, o mundo é criado por uma música fantástica. Em certo ponto, uma inspiração destrutiva floresce em meio à canção e a música é entremeada por temas, a princípio, dissonantes. No entanto, eles mostram-se não menos que ferramentas para que a sinfonia criada seja ainda mais harmoniosa e magnífica. Confesso que me comovi lendo esse trecho do livro e minha comoção veio da incrível conclusão, sutilmente semeada, de que a maior beleza surge do seio das diferenças.

Não é necessário ajustar-se a outros padrões. Não necessitamos mudar de opinião ou abandonarmos nossas convicções. Possamos, no entanto, respeitar, não somente aqueles que tem idéias diferentes das nossas, mas principalmente nos respeitar a nós mesmos, deixando de carregar estupidamente o fardo pesado e infeliz da intolerância. Quiçá, um dia, possamos todos cantar, juntos, uma canção de todas as cores.

Por favor, pense nisso. Muito obrigado por aceitar. Até.

Max

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Anônimo disse...

Procurei isso por anos!!!!
Mandei e-mail pra cultura, muito google, muito youtube e nada.
Tinha desistido até que hoje a musiquinha voltou na minha cabeça.
Sério, juro que por 2 minutos me senti exatamente igual a quando tinha 8 anos.
Obrigado mesmo. Vou dormir mais feliz hoje.
Att,
MATEUS