quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Sonho vermelho de rosas e vinho

Acabei de acordar com um telefonema do meu pai para tratar assuntos pessoais. Não são nem oito horas da manhã. O fato é que o telefonema interrompeu um sonho. Era um sonho tão marcante que minha primeira reação depois de desligar o telefone foi levantar, num pulo, e escrever essa carta. Sinceramente não sei quem é que vai recebê-la, isso não é importante no momento, no entanto sinto que é importantíssimo que eu escreva logo, enquanto o sonho ainda está queimando um pouco dentro da minha cabeça.

Havia uma festa, num navio, como se fosse um cruzeiro ou algo assim. Alguns amigos e amigas estavam presentes. Não importa quem sejam. Uma amiga tinha uma garrafa de certo “vinho cubano”, uma bebida completamente transparente, como água, numa garrafa com essas duas únicas palavras escritas:

V I N H O

C U B A N O

Só o que lembro é que ela me oferecia e eu dizia “Não, obrigado, não consigo beber nada que não seja vinho tinto”. A garrafa havia sido trazida para dentro do tal cruzeiro. Isso era completamente legal. Só o que não se podia fazer era sair com ela ou guardá-la no bar depois de ter entrado com ela. Ela teria que ser consumida ou simplesmente descartada. Faltava pouco para acabar. Minha amiga (que por sinal não bebe) se desfaz da garrafa.

Cenas aleatórias, coisas de sonho, então, uma discussão. Uma das garotas acaba brava ou magoada com alguém. Todas elas somem. Já era noite. Pelo que percebo iríamos embora logo, o passeio havia acabado. Numa outra parte do tal navio, quiçá em frente aos quartos, alguns garotos estão sentados e atrás deles há roseiras diferentes, caules longos e grossos se estendendo pelo chão, uma única rosa gigantesca em cada ramo. Então eles começam a conversar, sobre as garotas, sobre o que havia “dado errado”.

Não entendo porque, porém começo tentar a cortar as rosas. Algo me diz que queria que uma delas fosse minha. Elas estavam em alta conta com sua dona (sim, elas pertenciam a alguma das garotas). Eram flores raras, lindíssimas, rosas como eu nunca teria oportunidade de ver novamente. Não participava da conversa dos garotos, ficava de um lado para o outro tentando cortar uma rosa. Penso agora que talvez quisesse dá-la a alguma das garotas.

Algo finalmente me chama a atenção na conversa dos amigos. A garota que possuía as rosas queria se desfazer delas, a todo custo. Talvez a lembrança daquele lugar fosse insuportável. Como eram muito caras, um dos garotos ofereceu um tênis que valia seis vezes menos e ela lhe vendeu a flor. Pelo que eles conversavam, cada uma delas deveria custar no mínimo R$300,00. Precisava saber quem era a garota, olho para eles como se os interrogasse. Eles dizem que ela está no quarto ao meu lado. Paro de cortar as rosas. Bato na porta. Ela abre, vê as rosas no chão, fecha a porta sem dizer uma palavra.

“Sabia que era ela” digo eu. Só não entendo porque sabia. Nem entendo porque isso era tão importante para mim. Continuava a tentar cortar a minha rosa. Era extremamente difícil. Os caules eram fortes, a roseira estava profundamente viva, agarrada a vida, agarrada a uma terra que não parecia existir. A tesoura não corta, não corta e eu preciso ir embora. Logo ela vai sair e talvez até ateie fogo às flores. Por quê? Não sei. Quero uma rosa, uma rosa rara! Está quase feito, falta pouco, quase, quase... Logo mais meu telefone tocou. Acordei. Acabou-se o sonho. Havia conseguido minha rosa? Não importa.

Talvez o que sinto nesse momento seja apenas uma grande bobagem. Porque um sonho assim, a princípio tão simples, me marcou tanto? Não consigo entender. Tudo o que gostaria de dizer a você, meu caro destinatário incógnito, é que sinto que há uma rosa agarrada a vida, esperando por uma chance. Essa rosa é rara, é caríssima, é única. Contudo, se minha intuição estiver certa, você a está tentando cortar, por uma bobagem, por algo que eu não sei o que é. Talvez seja orgulho, talvez seja dúvida, talvez seja apenas medo. Meu conselho: não faça isso. Rosas são sagradas. Nenhuma riqueza que possam te oferecer por ela valerá tanto quanto destina-la a alguém que vá amá-la como você ama. A verdade vale mais que tudo.

Carta estranha de se receber, não? Bem, é só isso. Espero que ela chegue no tempo certo, seja você quem for. Saudações!

Maximiliam

1 bilhete em resposta, escreva o seu!

Someone disse...

Ok. Essa carta foi realmente.... sem palavras... Me sinto muito feliz em poder ser uma pessoa com que você compartilha sonhos, eles são muito pessoais e uma parte importante da gente, são sempre misteriosos e sempre nos mostram algo de nós que precisamos conhecer melhor ou simplesmente algo que nos marca profundamente no momento em que precisamos desse baque. Guardarei então, a rosa. Quem sabe assim não será melhor viver? Esperar por tê-la comigo um dia ou simplesmente também compartilhá-la com alguém. Um grande beijo! (PS: fiquei impressionada cm seu sonho de uma certa forma, sabia? Qdo eu era pequena, morava na casa da minha avó que tinha algumas roseiras, e nós algumas vezes íamos juntas ou com minha tia para podar e pegar as mais bonitas pra por na sala... e isso tbm foi marcante na minha vida, um sonho que também acabou abruptamente.)