sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Olhos nos olhos

Boa noite! Tudo bem com você? Ainda há pouco ocorreu algo interessante. Estava chegando em casa, com mala numa mão e guarda-chuva na outra. No meio da ampla calçada havia um gato. Eu percebi que ele estava olhando nos meus olhos. Comecei então a fitá-lo. Estava me aproximando cada vez mais. Ele não se movia. Quando parei ao lado dele, ele não esboçou reação, apenas continuou a me olhar. De repente seu olhar fica mais tenso, firme, então ele abaixa a cabeça. Fica olhando para o chão. Eu venho para casa.

Não sei realmente o que aquele gato estava fazendo ali, nem sei porque dei tanta importância ao fato. Posso não saber a cor dos seus olhos, não lembro a de quase ninguém, nem dos meus familiares e melhores amigos, no entanto, se você me pedir para descrever seu olhar eu farei um relato minucioso e verdadeiro como poucos poderiam. Apesar de meu símbolo favorito ser um olho, meu amor não é pelos olhos, mas pelos olhares. A sedução está no olhar. Olhos de gato numa noite escura. Deixe os olhos abertos então todos poderão ver dentro da sua Alma.

Queria que você me fizesse um favor, se puder. Será que você conseguiria o original, em inglês, desses versos:

“Fui para os bosques para viver livremente.

Para sugar todo o néctar da vida,

para aniquilar tudo o que não era vida,

e para quando morrer, não descobrir que não vivi.”

Eles estão no filme “Sociedade dos Poetas Mortos”. Já faz uns bons anos que eu assisti. Se não viu, veja, é um ótimo filme. Foi muito bom relembrar esse texto. Ele é uma das melhores mostras do que é a minha felicidade. Eu tenho aprendido e, devo muito disso a você, me ensinando a aniquilar tudo o que não é vida. E como isso dá trabalho! No entanto basta querer para conseguir. Além disso, qualquer sacrifício ainda é bem melhor do que morrer e descobrir que não se viveu, não é mesmo?

No bosque tem gatos a espreita. Prontos pra nos fitarem com seu olhar de julgamento e censura. Gatos pretos, gatos brancos, gatos com pelos brilhantes e foscos sob a luz do luar. Pelo jogo de olhares me deixo guiar. Eu observo olhares quentes, provocantes, olhares sob a luz do luar antigo. A mesma Lua que você vê nessa noite quente. A Lua que liga olhares distantes por um sorriso. Quarto crescente. Você tem medo de deixar os olhares se encontrarem? Tem medo do que possam ver? Acho que na verdade você tem mais medo do que você possa ver: Verdade. Ora, estar no bosque de olhares é estar no mundo selvagem: descobrir segredos pra poder provar do néctar da vida, vida livre, vida real. Quer tentar? Olhe pra mim... Vê se vive hein! Olha pra viver, vive pra olhar! Ah... Esse seu olhar!

Beijos (de olhos bem abertos),

Max

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Someone disse...

"Esse seu olhar/ quando encontra o meu/ Fala de umas coisas que eu não posso acreditar..." - Dick Farney.
Não posso negar que também me prendo mais ao olhar do que a outras características, mas me lmbro da cor dos olhos das pessoas, normalmente... Acredito, sim, que um olhar vale mais que mil palavras, talvez valha até mais que uma poesia, um beijo, um abraço. Mas o olhar só tem um instante, e por isso é único e deve ser aproveitado durante cada infinitésimo de segundo que dura. Beijocas! ;) *um olho aberto e o outro fechado....=P)

Renata Magalhães disse...

"I went into the woods because I wanted to live deliberately. I wanted to live deep and suck out all the marrow of life... to put to rout all that was not life; and not, when I came to die, discover that I had not lived."
No filme, ele diz que esta é uma poesia de Henry Thoreau. Entretanto, a passagem do Thoreau, que está no livro "Walden" é a seguinte:
"I went to the woods because I wished to live deliberately, to front only the essential facts of life, and see if I could not learn what it had to teach, and not, when I came to die, discover that I had not lived … I did not wish to live what was not life, living is so dear; nor did I wish to practice resignation, unless it was quite necessary. I wanted to live deep and suck out all the marrow of life, to live so sturdily and Spartan-like as to put to rout all that was not life, to cut a broad swath and shave close, to drive life into a corner, and reduce it to its lowest terms..."

Beijinho!!! E ah, nao consigo manter os olhos bem abertos... hehe... Os meus sao puxados!