sábado, 9 de outubro de 2010

O leme do Este

Garoa lá fora. Aqui, na terra da garoa. Já reparou como é difícil digitar a palavra garoa? Você sempre acaba digitando “agora”. Acho que é muito mais automático. Tem tantas coisas que nós fazemos no “piloto automático” e não percebemos. De repente, a gente abre os olhos e se pergunta: “Onde é que eu estou?”. Será que você nunca se fez essa pergunta? Duvido. Todo mundo de vez em quando é levado pra algum lugar, sem perceber onde é que está indo. Às vezes guiamos a barca da vida sem perceber que as águas pelas quais navegamos são mais fortes do que nossa vontade de manter o curso.

Na quinta-feira, quando saí de casa, atrasado pra aquela aula não muito produtiva, estava ventando muito. Há uma árvore no quarteirão de lá, uma árvore que amplifica demais o som do vento. O vento fortíssimo, batendo naqueles galhos e naquela madeira parecia um canto de mil vozes solitárias, mas ao mesmo tempo consoantes. Um clamor desesperado e lamurioso de quem precisa de algo mais.

Achava que não tinha nada. Descobri que tenho muito. Nunca estamos satisfeitos com o que temos, se assim fosse, a vida não teria graça, pois não continuaríamos a procurar. Tenho a mim mesmo e estou aprendendo a guiar a minha própria barca, estou me tornando “o leme do Este” das lendas do Egito.

Confesso que não é nem um pouco fácil, pelo contrário, parece impossível em alguns momentos, quando as vozes parecem ser todas dissonantes, cantando lamentos no escuro e o mar está revolto parecemos não ter nada, parecemos estar sendo totalmente guiados. Nessas horas, aprendi que temos que continuar segurando firmemente o leme e, por menor que seja a influência de nossas ações, elas ainda farão alguma diferença no rumo que estamos tomando.

Sempre detestei a inércia. Quando você desiste de tentar guiar, então você se submete ao deprimente jugo da inércia. Ser inerte não é viver, é deixar a vida passar. Talvez eu esteja, mais do que nunca, consciente disso. Gostaria que todos se dessem conta disso.

Hoje, amanhã, depois, todos esses dias eu vou sair. Vou encontrar pessoas que gosto e fazer sabe-se lá o quê. Quiçá eu tenha voltado a jogar... E como é bom ser um jogador...

Até mais!

Max

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