quarta-feira, 6 de março de 2013

Rodas e giros

Para Kátia, num dia comum,

A agradável manhã lança sobre ela seus raios de leveza e vigor. Discreta, solitária em sua simplicidade, parece inexistir enquanto aguarda, como fosse sábia e paciente, por sua nova jornada. O instante que precede a largada, o último suspiro antes do mergulho, a página em branco antes da história, são todos instantes, de certo modo, vazios e inexistentes. O compasso de espera na música não é um fim em si mesmo, mas a preparação para algo que grandioso que está por vir.
Arrebatada enfim, sem surpresa ou espanto, ela começa a se direcionar, no início, um pouco desequilibrada, mas logo com rumo firme, ainda que incerto. Voltas, voltas e reviravoltas... Insistimos na ideia de que temos controle sobre os delicados mecanismos que nos levam adiante nessa aventura, porém, uma vez em movimento, não há certeza de segurança. Alguns acidentes de percurso serão inevitáveis, seja por obstáculos, seja por descuido, ou até pela inexperiência de quem está aprendendo.
Algumas vezes queremos parar, cansados, diante da ladeira, ingrime, por subir, logo à frente. Então, cônscios da necessidade de chegar, preferimos caminhar, paralelamente às suas voltas, carregando-a sem, contudo, nos submetermos ao desgaste que ela nos infringiria. Esses mesmos giros podem ser tão suaves quanto se deseje, para um passeio casual ou um objetivo sem pressa nem prazo. O segredo é manter a constância, de tal modo que não tombemos pela estrada.
O movimento mais leve pode fazer virar numa curva inesperada e nos tirar dos eixos conduzindo tanto a felizes encontros como a desastrosas colisões. Meu conselho nessas horas é encarar tudo com bom humor, pois não há melhor remédio que um sorriso inesperado numa situação surpreendente.
Correr às vezes pode ser a única opção quando o tempo é pouco, mas também pode ser muito prazeroso quando o objetivo é se sentir mais livre e poderoso do que sempre. Vento no rosto ainda é o melhor jeito de sentir a ilusão de ter o mundo inteiro sob seu domínio enquanto na verdade se está indo, quase desgovernado e sem freios.
Acima de tudo, aproveite a jornada, pois, não sabemos quando começa a escurecer e o dia a acabar. Deve ser bem legal, mas eu não posso dar certeza sobre quase nada do que disse, afinal, eu não sei andar de bicicleta...

Max

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